ATA DA SEXAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 16.06.1989.

 


Aos dezesseis dias do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal  de Porto Alegre, em sua Sexagésima Terceira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Giovani Gregol, Heriberto Back, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo e Antônio Losada. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Wilson Santos que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Sexagésima Segunda Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Elói Guimarães, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Ervino Besson, 01 Pedido de Providências; 01 Indicação; pelo Ver. José Valdir, 01 Indicação; pela Verª. Letícia Arruda, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Vicente Dutra, 01 Indicação. Ainda, foi apregoado o Pedido de Autorização nº 04/89 (proc. nº 1766/89). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 104/89 – STP, do Tribunal de Justiça – Poder Judiciário/RS; 506; 507; 509/89, do Sr. Prefeito Municipal; Convite, da União dos Vereadores do Brasil. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Ver. Gert Schinke, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, nos dias 16 e 19 do corrente. Em continuidade, o Sr. Presidente convidou os presentes a assistirem, de pé, à entrega do Diploma e da Declaração de Bens, bem como a prestação de compromisso legal do Suplente Paulo Cruz, declarando S. Exa. empossado na Vereança. Ainda, informou que o mesmo integraria a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Após, foi iniciado o período de ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 03/89. Ainda, foi aprovada a Emenda nº 01 aposta a este Projeto, por quatorze votos SIM contra treze votos NÃO, tendo sido submetida à votação nominal, a Requerimento verbal, aprovado, do Ver. Clóvis Brum, e tendo sido considerada prejudicada a Emenda de nº 02, em vista da aprovação da Emenda nº 01. O Projeto acima referido e as Emendas a ele apostas foram discutidos pelos Vereadores João Dib, Cyro Martini, Airto Ferronato, Mano José, Décio Schauren, Elói Guimarães, Omar Ferri, José Valdir, Luiz Machado, Vicente Dutra e Heriberto Back e encaminhados à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Airto Ferronato, Cyro Martini, João Dib e Adroaldo Correa. Em Discussão Geral e Votação Secreta, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 11/89, por vinte e sete votos SIM, tendo sido escrutinadores os Vereadores Luiz Machado e Omar Ferri. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 05/89 que, a Requerimento, aprovado, do Ver. Wilton Araújo, teve adiada sua discussão e votação por uma Sessão. Em Votação, foi aprovado o Requerimento nº 99/89. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Voto de Congratulações com o Jornal do Comércio, pela edição do Caderno da Indústria; com o Programa Itália 90, na Rádio Gaúcha, pelo lançamento do Programa; com João Kliemamm,  por ter sido escolhido Chairman dos serviços do Comitê de Auditoria do Rotary Club Internacional; com o Dr. Sérgio Kaminski, por ter sido eleito Presidente do Rotary Club, Passo da Areia; com o Restaurante e Churrascaria Santo Antonio, pela passagem de seu aniversário; de Votos de Pesar pelos falecimentos de João Carlos Lima; de Flaviano Luiz Girardi; do Ver. Cyro Martini, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 03/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; solicitando a realização, dia quinze de agosto do corrente ano, de Sessão Solene dedicada a homenagear a memória de Aldo Menotti Sirângelo, em razão de, entre outras funções públicas de extrema relevância, ter sido Vereador e Presidente desta Casa, este encaminhado à votação pelo Ver. Clóvis Brum; do Ver. Edi Morelli, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 21/89 seja retirado, nos termos do art. 146 do Regimento Interno; do Ver. Jaques Machado, de Voto de Pesar pelo falecimento de Paulo Guilherme Guinter; do Ver. João Dib, de Votos de Pesar pelo falecimento de Willy Eugênio Fleck; de Claúdio Fernandes Barbosa; do Ver. João Motta, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 11/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; solicitando que o Pedido de Autorização nº 04/89 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões pertinentes; de Voto de Congratulações com a CUT, Central Única dos Trabalhadores, pela realização do 5º Congresso Estadual, RS; do Ver. Leão de Medeiros, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Adão Oliveira Pinto; de Mariza Mottin Velhinho; do Ver. Luiz Braz, de Voto de Pesar pelo falecimento do Sr. Jacy Marcon de Souza Ferraz; do Ver. Luiz Machado, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Nara Leão; de Chico Landi; do Ver. Mano José, de Votos de Congratulações com o Lar da Amizade, pela passagem de seu sexto aniversário de fundação; com a Associação dos Alcoólicos Anônimos de Porto Alegre, pela passagem de seu aniversário; do Ver. Vicente Dutra, de Voto de Congratulações com o Monsenhor Reinaldo Alfredo Ody, pela passagem de seu aniversário; do Ver. Wilton Araújo, de Voto de Congratulações com o ex-Ver. Ennio Terra, por ter sido eleito Presidente do MOTIRAN, Movimento Trabalhista de Integração de Raça Negra. Ainda foi apregoado Requerimento do Ver. Omar Ferri, solicitando a realização de uma Sessão Especial destinada a ouvir os representantes das entidades de classe ligados à área do comércio, propiciando um amplo debate sobre a adoção do “sábado inglês” para o comércio de Porto Alegre, o qual, após ter sido encaminhado à votação pelo autor, e pelos Vereadores Luiz Braz e Wilton Araújo, foi retirado nos termos do artigo 146, I, do Regimento Interno; e Requerimento de autoria do Ver. José Alvarenga, de Moção de Repúdio desta Casa à ação do Presidente da Argentina, Raul Alfonsín, pela declaração do Estado de Sítio naquele País, o qual, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib e Adroaldo Correa, foi Rejeitado. E o Sr. Presidente comunicou ter deferido Requerimento de autoria do Ver. João Dib, solicitando seja ouvida a Comissão de Justiça e Redação com a finalidade de ser examinada a legalidade ou não dos reajustes das tarifas de água e esgoto praticadas pelo Executivo Municipal. O Sr. Presidente comunicou, ainda, que a partir da próxima segunda-feira haverá alterações na área desta Casa utilizada para estacionamento, tendo em vista o asfaltamento dessa área. Os trabalhos da presente Sessão estiveram suspensos das nove horas e cinqüenta e cinco minutos às nove horas e cinqüenta e nove minutos; das doze horas e onze minutos às doze horas e dezoito minutos; e das treze horas e cinco minutos à treze horas e vinte e seis minutos, nos termos do artigo 84, III, do Regimento Interno. Durante os trabalhos, o Senhor Presidente respondeu às seguintes Questões de Ordem: dos Vereadores Luiz Braz, Artur Zanella e Omar Ferri, acerca da apresentação de Requerimento de autoria do Ver. Omar Ferri, de realização de Sessão Especial para debater a adoção do “sábado inglês” pelo comércio de Porto Alegre; do Ver. Artur Zanella, acerca de apresentação de proposição por Vereador quando em Licença, e se a matéria é regulada pelo Regimento Interno deste Legislativo; do Ver. Wilson Santos, acerca da votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 03/89, em Discussão Geral e Votação nesta Sessão, e acerca da prorrogação dos trabalhos da presente Sessão para cumprimento da Ordem do Dia; dos Vereadores Ervino Besson e Vicente Dutra, acerca das alterações anunciadas pelo Sr. Presidente para a área utilizada como estacionamento desta Casa. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos às treze horas e cinqüenta e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Clóvis Brum, Wilton Araújo e Adroaldo Correa, e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Adroaldo Correa.. Do que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, um Requerimento do Ver. Gert Schinke, um pedido de Licença para Tratar de Interesses Particulares. Face à solicitação do Ver. Gert Schinke, e estando presente o seu Suplente, nós suspendemos os trabalhos por cinco minutos para processar a referida licença.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 19h55min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum – às 9h59min): Estão reabertos os trabalhos.

Em votação o Requerimento de licença do Ver. Gert Schinke.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: V. Exª falou 16 e 19, ou de 16 a 19?

 

O SR. PRESIDENTE: A licença será em 16 de junho e 19 de junho, hoje e segunda-feira. O texto do pedido de licença é 16 e 19.

 

O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador, é sumamente complicado, se ele pede licença no dia 16, dia 17 a Casa não abre, 18 também não e dia 18, como é que ele reassume dia 19? Acho que tem que ser de 16 a 19.

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria de esclarecer que o Ver. Gert Schinke é titular e que ele pode desistir da licença dele a qualquer momento e não precisa tomar posse, é titular do mandato. Vamos refletir. Ele pediu dia 16 porque é hoje, alguém tem que completar o quórum para a votação; dia 19 é segunda-feira. O que ocorrerá, e me transmite a assessoria Legislativa, que nesse caso fica aprovada a Licença do dia 16 e 19, toma posse hoje o Vereador-Suplente e tomará posse novamente segunda-feira.

Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) Aprovado com o voto contra do Ver. João Dib e abstenção do Ver. Mano José.

Em face do licenciamento do Ver. Gert Schinke, assumirá a Vereança, em substituição, o Sr. Paulo Cruz, Suplente pelo PT.

Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário o Sr. Paulo Cruz.

 

(O Sr. Paulo dá entrada no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito a V. Exª que entregue à Mesa o seu Diploma de Vereador e sua Declaração de Bens.

 

(É feita a entrega dos documentos solicitados.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Plenário e todos os presentes para que assistam, de pé, o compromisso que S. Exª irá prestar neste momento.

 

O SR. PAULO CRUZ: (Lê.)

“Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a autonomia municipal e exercer com honra, lealdade e dedicação o mandato que me foi conferido pelo povo.” (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Declaro empossado o Sr. Paulo Cruz no cargo de Vereador e convido-o a tomar assento em sua Bancada. S. Exª usará o nome parlamentar de Paulo Cruz e integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente.

Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda a nova verificação de quórum.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Há quórum, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0327/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 003/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que institui o Serviço de Ambulância e Socorros de Urgência para as Vilas Populares – SASU, na Secretaria Municipal da Saúde e Serviços Sociais, e dá outras providências. Com Emenda.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação, com a Emenda;

- da CFO. Relator Ver. Luiz Machado: pela aprovação, com a Emenda;

- da COSMAM. Relator Ver. Gert Schinke: pela rejeição.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Com a palavra, para discutir, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lamentavelmente, vou encaminhar contrariamente à aprovação do Projeto do eminente Ver. Cyro Martini. Nós juramos, quando assumimos nossos mandatos, cumprir a Lei Orgânica, e a Lei Orgânica diz que compete, primativamente, ao Prefeito a criação de novos serviços. Inteligentemente um Vereador, fixando-se nesta determinação da Lei Orgânica , coloca uma emenda dizendo que não institui serviço, que autoriza serviços. Muito bem, é inteligente. Mas, se autoriza serviço, a lei determina que a lei seja regulamentada. Então, estamos excedendo outra vez.

Então, compete ao Prefeito, e como temos responsabilidade com muitos outros problemas desta Cidade, valeria, então, um Pedido de Providências, um estudo do Vereador, para que este serviço fosse examinado, e através de Resolução, de ordem do Prefeito para a Secretaria da Saúde, e através de iniciativa da Secretária da Saúde, a par da proposição do Vereador, fosse criado o serviço.

Portanto, eu, pessoalmente, vou votar contrariamente ao Projeto de Lei do Vereador que institui e depois autoriza por uma emenda a realização de um serviço de ambulância para atender os mais necessitados. Inclusive, cria despesas e uma série de outros problemas. Vou votar contrariamente, até seria válida a autorização, se não houvesse a obrigatoriedade de regulamentação da lei. Desta forma, voto contrariamente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro Martini, autor do Projeto.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e senhores que compõem as galerias desta Casa, desconhecer as diversas necessidades, carências, reivindicações das vilas populares, indubitavelmente só poderia ser uma marca, uma característica daqueles que não conhecem as vilas populares. Eu não as conheço somente pela origem partenoense, onde eu sempre invoco aqui o testemunho do meu amigo Adauto Vasconcellos. Mas conheço, também, em razão da função que eu exerci. Lamentavelmente, eu conheço a realidade das vilas populares, entre aspas, de se lamentar. Quem não conhece não se dá conta do valor de um projeto desta ordem. As vilas carecem, não só de um serviço de ambulância que preste um atendimento rápido, de urgência, como também de outros serviços básicos. Na atividade à qual eu me ligo há vários anos, eu tive a oportunidade de verificar, dia-após-dia, a necessidade urgente, indispensável, do serviço de ambulância. Não raro, os policiais têm que realizar partos, atender feridos, e, isto, evidentemente, não condiz com as finalidades próprias da atividade deles. Assim, como, via de regra, eles não estão habilitados para este tipo de atendimento. O Projeto não obriga o Prefeito e a Prefeitura a criar este serviço, apenas sugere, propõe que ele seja criado. Quem conheço sabe que essa sugestão tem uma força moral muito séria e muito importante. Agora, quem não conhece vila popular, evidentemente, não se dá conta da significação de um projeto dessa ordem. Por outro lado, argumentar o juramento, o compromisso prestado à Lei Orgânica Municipal contra a validade de um projeto dessa ordem, não é nem sofisma, porque se fosse teria uma qualificação lógica. É um posicionamento, inclusive, incompatível com o que estamos fazendo nesta Casa; estamos aqui para enfeitar este salão? Acho que não, acho que estamos aqui para fazer alguma coisa em favor da Cidade, prestar algum serviço. De outra parte, sempre me chama a atenção que nós, quando falamos em Constituição anterior, e Constituição atual, vimos que o avanço em matéria de poder do Legislativo foi praticamente nulo, porque em matéria de finanças e de estrutura organizacional dos serviços públicos, praticamente o Legislativo fica podado, fica obstruído de avançar. E de outra parte, é claro que os técnicos da Prefeitura, assim como os funcionários de menor categoria; estão perfeitamente habilitados para nos ensinar, principalmente ao Sr. Prefeito Municipal, o que deve ser feito em favor das aspirações do Municípios. Todavia, até por presunção jurídica, como diriam os nossos juristas da Casa e de fora, parte-se do suposto que o Vereador conhece os problemas da Cidade, ou pelo menos daqueles segmentos aos quais ele está ligado, pois, caso contrário, ele não é representante de coisa alguma, de nada. Então, não aceito o argumento anterior, assim como também não aceito o argumento da Comissão presidida pelo Ver. Gert Schinke, que foi pela rejeição. A nossa proposta não é impositiva, não é imperativa, não é compulsória, é, apenas, a sugestão de quem esteve ligado e está, estreitamente, às vilas populares; e mais, o Projeto alcança também os bairros em sua totalidade.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu sei que com aquela gentileza que o caracteriza, V. Exª não está dizendo que eu não conheço os problemas de Porto Alegre. Mas sei também que V. Exª há de ter em conta que nós não estamos enfeitando este Plenário, mas para que ele seja enfeitado é preciso urgente e indispensavelmente que se cumpra a Lei Orgânica, senão nós deixaremos o Plenário muito mal situado.

 

O SR. CYRO MARTINI: Nós continuamos apenas como mero adorno se nós não avançarmos em matéria de oposição que venha a favorecer ou que venha ao encontro das reivindicações populares. E se eu vier à tribuna apenas para dizer gracejos ou coisas sem sentido ou contrárias às aspirações populares, eu não sei o que vim fazer aqui, não tenho idéia. O projeto, a proposta é uma sugestão calcada na experiência que tive no trato diário com as vilas populares. Sei a necessidade que eles têm de atendimento de parturientes, de feridos, de acometidos de males súbitos ou coisas desta ordem. Tanto é que o serviço já existe; é apenas ampliá-lo em termos de número de viaturas, de veículos, e qualificá-lo no que diz respeito ao equipamento e à tripulação habilitada para o atendimento de socorros de urgência. Por isso eu estranho que alguém se posicione contrariamente ao mesmo. Para mim se alguém for contrário a ele, é contrário ao interesse da vila popular. Eu não entendo de outro modo. Primeiro não tem como e, segundo lugar, eu apenas estou mencionando uma reivindicação e uma necessidade popular de extrema relevância.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero dizer a V. Exª que estou atento ao seu pronunciamento. Todas as vezes que temos a vontade de fazer algo pelos menos favorecidos da sociedade, das nossas vilas, nós nos deparamos com leis casuísticas como esta que não dão ao Legislativo o direito de legislar sobre esta matéria. Agora quero dizer que está na hora de nós, na Comissão Especial que foi criada nesta Casa para tratar da Lei Orgânica do Município, alterarmos a mesma, para que Projeto, como o seu, se não passar hoje, entrar novamente e ser aprovado por esta Casa. Tem o meu apoio. Tenho certeza que os Vereadores entendem que o Projeto atende o social e principalmente o abandono da causa pública em termos de vila, não só dos governos passados, como do presente. Estou totalmente solidário com o seu Projeto.

 

O SR. CYRO MARTINI: Agradeço o aparte de V. Exª. Entendo em suma que aquele que conhece a problemática da vila popular, especialmente, conquanto o projeto se estenda para além dos núcleos populares não pode absolutamente votar contra, sob pena de não estar identificado com aquelas aspirações do povo mais carente da nossa sociedade. Nós sabemos que há problemas com as camadas mais elevadas também, mas os mais duros contra a pessoa humana estão ligados e localizados nas vilas populares. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sou favorável ao Projeto do nobre Vereador Cyro Martini. Vou votar sim, jurei cumprir a Lei Orgânica, e fazendo assim a estou cumprindo. Discordo lamentavelmente da posição do Ver. João Dib e entendo que o meu pronunciamento de ontem, se não define, traz a esta Casa algo de extrema importância, para que se reflita. Ontem eu disse que pela Constituição anterior, nobre Vereador Cyro Martini, não seria possível legislar sobre esse tema, em função do inciso I do artigo 157 da Constituição que dizia: “É da competência exclusiva do Poder Executivo a iniciativa de leis que disponham sobre matéria financeira”. Se na Constituição atual isto não existe mais, não foi um esquecimento do legislador, foi alguma coisa que veio em benefício do Legislativo, que veio para dar poderes ao Legislativo, para que o Legislativo não fique apenas dando nomes de ruas e algumas coisas não vinculadas às atividades estatais. Ora, se era proibido legislar sobre matéria financeira, se o Poder Legislativo não tinha essa iniciativa, ele não tinha iniciativa de legislar sobre princípios e normas que regem atividades estatais, no tocante à realização da receita e a execução da despesa. E eu dizia que a Administração financeira é um tema abrangente que nele abarca orçamento, despesa, receita, gestão pública e aí está onde eu me pego para votar sim. Nós temos poderes para legislar sobre gestão pública. Ontem eu analisei, pelo tempo, apenas o inciso I, para votar sim ao Projeto do nobre Ver. Cyro Martini, eu devo ler o que dizia o inciso II do art. 57 e o que diz hoje o inciso II, alínea a, do parágrafo I do art. 61 da Constituição. Olha o que dizia, nobre Ver. Omar Ferri. Dizia: “É da competência exclusiva do Presidente da República a iniciativa de leis que, inciso II, criem cargos, funções, empregos públicos, aumentem vencimentos ou a despesa pública”. Veja bem que nós tínhamos no inciso II, Ver. Omar Ferri “ou a despesa pública”. Olha o que tem hoje, parágrafo I, art. 61; “São da iniciativa privativa do Presidente da República leis que”, e por decorrência do Prefeito Municipal, porque assim estamos adotando nesta Casa, “a iniciativa de leis que, inciso II, letra “a”, criem cargos, funções, empregos públicos”. Exatamente igual ao que nós tínhamos anteriormente na administração direta autárquica, ou aumentem sua remuneração, e ponto final. Hoje nós não temos a iniciativa de aumentar despesa de pessoal e só. Porque não existe mais aquele comando do inciso II – ontem analisei só o inciso I – que diz assim: “criem cargos, funções, emprego público, aumento de vencimento e a despesa pública”. Dizia no passado; não diz mais hoje. Portanto, hoje está muito correta a iniciativa do Ver. Cyro Martini.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Queria dar minha posição, para evitar de falar, porque há muitos inscritos, que concordo inteiramente com V. Exª, e para aqueles que trazem a Lei Orgânica como trancando tudo, tanto no aspecto de serviço como no aspecto financeiro, dizendo que exatamente por isso que existe agora uma Comissão para alterar a Lei Orgânica, que foi feita num determinado período, e que agora, então evidentemente nós temos que nos adequar à legislação federal como esta Casa já fez, inclusive no aspecto do Veto, no aspecto do número de votos necessários – o Veto agora é secreto - então nós já nos adaptamos à Constituição Federal em tudo aquilo que não necessite de Lei Complementar, como é o caso. Vou votar tranqüilamente a favor do Projeto do Ver. Cyro Martini e dizendo que, efetivamente, a Auditoria indica essas incongruências, mas nós já aprovamos aqui a criação do serviço de zoonoses. E o Executivo aprovou e está funcionando, ao que me parece.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Queria deixar registrado, seguindo este raciocínio, que nós temos, num tempo próximo, a função de criar uma Lei Orgânica nova para este Município. Particularmente, Ver. João Dib, estava entendendo que estas normas que se apresentaram no Plenário, de alteração da Lei Orgânica, entendia e acreditava inoportunas. Por quê? Porque se nós vamos criar uma nova Lei Orgânica daqui a 5 meses, para que alterar a Lei Orgânica hoje? Como a Casa está adotando a Constituição Federal naqueles itens que estão em desacordo com a Lei Orgânica, acredito que não há necessidade de se alterar hoje. Ocorre que dadas essas situações que vêm-se constatando, eu já estou fazendo um estudo para propor alteração na Lei Orgânica nesses pontos específicos que tratam sobre orçamento, tributo e finanças para adaptar hoje a Lei Orgânica à Constituição Federal.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu não combato a idéia do eminente Ver. Cyro Martini, eu conheço esta Cidade, seus problemas, sei de algumas soluções e se não as implementei é porque não havia recursos. O que eu combato é a forma que se propõe. À própria Auditoria da Casa é que deveria ser feito um Pedido de Providências. E V. Exª, que defende a nova Constituição, a Lei Orgânica, o art. 61, parágrafo 1º, letra “b”, da Constituição, diz textualmente que “são iniciativas privativas do Presidente da República as Leis que disponham sobre organização administrativa e serviços públicos.” Então, se isso não é um serviço público, se isso não é uma organização administrativa, então, realmente eu pensava que conhecia os problemas da Cidade.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Nobre Vereador, eu respeito V. Exª e acredito que é, sem nenhuma dúvida, um dos mais preparados Vereadores de Porto Alegre e do Brasil, se não o mais, pela sua experiência, agora, nesse aspecto – peço atenção especial do Ver. Omar Ferri – V. Exª está equivocado nessa afirmação.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Ervino Besson cede seu tempo ao Ver. Airto Ferronato e V. Exª tem mais 10 minutos.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Nobre Ver. João Dib, lhe diria o seguinte: V. Exª está equivocado radicalmente nessa sua afirmativa pelo seguinte: Olha o quê diz a letra “b”: “São da iniciativa privativa do Presidente da República as leis – peço a atenção da Casa por um minutos – a)  criação de cargos, funções, empregos públicos na Administração Direta ou Autárquica; b) organização administrativa, judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviço público e pessoal, - veja bem Ver. João Dib – da administração dos territórios, e só, ponto final. Portanto, a organização administrativa, judiciária, tributária, orçamentária, serviço público e pessoal do território e não do Município, é ali que me pego. O Município tem competência plena para legislar sobre organização administrativa, judiciária, matéria tributária, orçamentária, serviço público e sessão de pessoal do Município, Vereador.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou acompanhando com muito interesse, porque ainda não me decidi. Mas pelo que V. Exª está afirmando da tribuna, me parece que a Constituição Federal é omissa nesse aspecto, portanto, daí nasceria a competência legal de um Vereador apresentar uma lei criando despesa, cargos e funções.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: E lhe diria mais, depois V. Exª continua o seu aparte. Ela não é omissa, se existia antes uma vedação no inciso I, que falei ontem, dispõe sobre matéria financeira, ali estava tudo o que está na letra b que o Nobre Ver. João Dib colocou. Se ela colocou todos os outros incisos que tinha na Constituição anterior, não colocou exatamente o inciso I, foi propositadamente uma omissão, exatamente para reforçar os poderes do Vereador, do Deputado Federal e Estadual.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tudo isso dependeria da elaboração da nossa Lei Orgânica em esculpir o dispositivo, não é isso? Então, parece-me que fica de pé o dispositivo existente, atualmente, na Lei Orgânica.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Nobre Vereador, seu preocupação é correta, a respeito. Estou apresentando uma Emenda à Lei Orgânica para tirar essa dúvida de vez por todas, no tocante à área tributária, orçamentária e financeira. Agora, se a Casa vem aditando desde 01 de janeiro a Constituição Federal para todos os assuntos a serem definidos nesta Casa, por que vamos, hoje, tirar poderes do Vereador para obedecer à Lei Orgânica vigente, se para outros temas sempre adotamos a Constituição Federal? Pois isso estou apresentando uma Emenda à Lei Orgânica e tenho plena consciência de que pela praxe adotada na Casa, não precisamos, hoje, tirar para aprovar.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero, mais uma vez, congratular-me com V. Exª pelo seu pronunciamento, a exemplo do de ontem, que está sendo muito instrutivo, elucidativo. Mais uma vez, chamo a atenção para a lógica do raciocínio e a correta interpretação de V. Exª no momento em que compara os dois dispositivos, a atual Constituição e a Constituição de 1969. Para mim, realmente, não pode haver mais dúvidas de que o Vereador, a partir da data da promulgação desta Constituição, assim como o Deputado Federal e o Estadual tem competência para resolver problemas de leis que criem despesas públicas.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Com exceção de aumento de vencimentos.

 

O Sr. Vieira da Cunha: O dispositivo legal citado pelo Ver. Dib tem aplicação restrita aos territórios, portanto, não pode ser levantado para se aplicar em nosso caso. E mais, Vereador, V. Exª é muito feliz quando diz que se é uma omissão foi proposital, a fim de, exatamente, dar a liberdade, a possibilidade aos Vereadores, aos Parlamentares em geral, que não fiquem limitados. V. Exª foi muito feliz quando cita nomes de ruas ou outras proposições que não sejam aquelas que possam realmente fazer com que o Vereador co-participe da administração pública.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Nobre Vereador, eu diria que esta omissão não foi para dar liberdade, ela traz um aspecto salutar que enobrece e engrandece a atividade do Vereador e afasta aquela possibilidade nefasta que tínhamos de, a todos os clamores que a população fazia sobre esta Casa, se dizer nós, lamentavelmente, nós temos competência. Hoje, nós temos competência.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Airto Ferronato, eu lamento não ser jurista, porque se o fosse seria bastante ordenado nos meu pronunciamentos e diria que o Art. 84 da Constituição diz: “Compete privativamente ao Presidente da República – no seu inciso VI – dispor sobre a organização e o funcionamento da Administração Federal na forma da Lei.” Então, eu estou pretendendo que o Prefeito disponha sobre a organização e o funcionamento da Administração Municipal da forma da Lei Orgânica atual, que não foi alterada e que a Constituição não contraria.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Eu agradeço seu aparte que, efetivamente, engrandece o meu pronunciamento e eu diria o seguinte: tem ainda outro aspecto, que eu analiso, importantíssimo nesses assuntos. Se o Vereador apresentar um Projeto relevante, de interesse administrativo e social, cabe ainda ao Poder Executivo vetar ou não. Se aprovamos uma norma, e ela tem vício de origem – também não sou advogado, por isso me perco um pouco nessas exposições – cabe ao Sr. Prefeito Municipal avaliar se ela é oportuna, que a sancione, caso contrário, que a vete. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano José.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós vimos a esta tribuna, hoje, Ver. Cyro Martini, com a certeza de que, realmente, este é um Projeto que está muito preocupado com a situação da saúde nas vilas de Porto Alegre. Temos consciência que este Projeto, realmente, teria um efeito “bombástico” sobre a saúde do nosso porto-alegrense, mas acreditamos que cabe salientar a esta Câmara que nós estamos muito preocupados com esta prestação de serviços, pois temos em Porto Alegre os postos de saúde – que eu já denunciei desta tribuna os postos de saúde do Município – e que atualmente estão fechados E nós várias vezes já fomos à Secretária de Saúde e fomos às entidades que poderiam nos dar alguma resposta a respeito e esses postos não são ativados por falta de pessoal e por falta de material.

Achamos que o Projeto, realmente, tem mérito. Só que ficamos nos perguntando: será que realmente as nossas vilas vão sair ganhando com este seu Projeto? Será que a Administração será sensível a este Projeto? Pois nós temos os postos já montados, os serviços não necessitam absolutamente de nada, do ponto de vista material e a Secretaria da Saúde nos responde: não tem pessoal. Muito bem! Se não tem pessoal, eu lhe pergunto o seguinte: no serviço que V. Exª está propondo teríamos serviço de ambulância, com prestação de primeiros socorros, serviços de urgência, atendimento à parturiente? Mas pergunto ainda: se nos postos de saúde, que já se encontram devidamente montadas, a explicação é que não há. Nos perguntamos de onde sairão os recursos financeiros; pois um serviço de urgência, de pronto atendimento – certamente vamos necessitar no mínimo, dentro de uma ambulância, os serviços de oxigênioterapia, um serviço de eletrocardiograma, porque não se consente que vá uma ambulância à residência do indivíduo e este indivíduo, estivesse ele enfartando, e de repente o médico chega lá e dá uma aspirina, vira as costas e vai embora. V. Exª sabe muito bem. Não posso afirmar qual o tipo de serviço ou qual o tipo de entidade faz esse atendimento e esta má prestação de serviço e isso vem acontecendo. Então, a nossa preocupação junto com a população porto-alegrense, a população menos assistida, é esta, Vereador, nós temos os postos de serviço já montados, que não foram ativados. E temos assim uma grande quantidade de recursos, os quais teriam que ser carreados para este novo serviço que V. Exª está propondo, e não vemos, por parte do Executivo, real intenção em prestar serviço de atendimento médico às vilas de Porto Alegre.

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Inicialmente quero tornar claro, de novo, que o meu projeto não é impositivo, não é compulsório, é uma proposição ao Executivo, que nasceu da experiência, do dia-a-dia que tive a oportunidade de viver no meu trabalho, no exercício de minha atividade profissional. De outra parte, os postos de saúde devem ser incrementados, especialmente, em matéria de saúde deve-se de uma vez para sempre se coordenarem todos os segmentos do Governo Federal, do Estadual e do Municipal. Não é raro encontrar-se em uma vila, um estabelecimento à disposição de posto de saúde, sem no entanto dispor de médico, e pertencer a uma esfera administrativa. E não é raro encontrar-se um médico de uma outra esfera em outra vila, sem dispor de local para trabalho. E assim, iríamos longe exigindo que devesse haver uma coordenação em torno dessa matéria, assim como também em outros campos. Essa dispersão de recursos me parece extremamente danosa, especialmente, no que respeita aqueles mais necessitados.

Não é uma imposição, é uma sugestão que floresceu da minha experiência no trato diário com as vilas populares. Ademais, também não é minha intenção entrar no mérito constitucional da matéria. É apenas uma oportunidade de manifestar uma necessidade e uma reivindicação das vilas populares. Entretanto, temos que destacar o trabalho e a lógica extraordinária do Ver. Airto Ferronato, a respeito da matéria, da constitucionalidade ou não da iniciativa do Vereador. O que nós devemos, antes de contrariar é apoiar inteiramente a posição do Ver. Ferronato, para que o Vereador deixe de ser um mero adorno, um mero enfeite, para tornar-se, realmente o porta voz das reivindicações e das necessidades, especialmente daqueles mais necessitados.

 

O SR MANO JOSÉ: Nobre Vereador Cyro Martini, nós concordamos em gênero e número com a exposição do Ver. Airto Ferronato, mas a nossa preocupação acreditamos que é a mesma de V. Exª quando diz que os postos de saúde devam ser incrementados. Nós ficaríamos muito felizes se eles pelo menos funcionassem. Nós pedirmos um incremento de um posto que não funciona, realmente, isso é uma utopia. A nossa preocupação é essa: que mais uma Lei seja aprovada, mais uma Lei seja formada neste Legislativo, e a autoridade competente nem se preocupe, sequer, se ela foi ou não foi aprovada, se ela existe ou deixa de existir Nós aqui desta tribuna já denunciamos inúmeras vezes o serviço de saúde do Município, na periferia de Porto Alegre, e não vemos esses postos funcionando, nós vemos a prestação de serviço. E não vemos jamais, as vagas promessas da Frente Popular, enquanto a campanha a Prefeito, de que nós teríamos um serviço de saúde, nós teríamos um serviço extensivo à população.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para lembrar que o Posto de Saúde modelo nº 01, que abrange a Zona Norte, está fechando, alega o Secretário Estadual de Saúde que estão fechando para reforma do prédio. Sim, mas enquanto reformam o prédio, aquelas famílias carentes da Zona Norte fica sem atendimento.

 

O SR. MANO JOSÉ: Mas o raciocínio na atualidade, na Cidade de Porto Alegre tem sido esse: a população que necessita de atendimento fica em segundo plano; em primeiro plano vimos que o interesse das Secretarias está na reforma de prédios, na substituição de médicos, enfermeiros, auxiliares, e enquanto isso a população acaba sempre levando a pior.

Para encerrar, Sr. Presidente, quero colocar o seguinte: que nos preocupamos em recursos financeiros para viabilizar esse Projeto, nós nos deparamos com a montagem do HPS Zona Norte, que estão totalmente defasados, recebendo material já sucatado do HPS que já existem há mais de 40 anos. E nós perguntamos, já pedimos várias vezes informações à Secretaria da Saúde, onde estão os nossos concursados, que são eles médicos, são eles enfermeiros-padrão, auxiliares de enfermagem, técnicos de saúde, nós realmente não sabemos. Agora realmente o Projeto do Ver. Cyro Martini tem mérito e a nossa preocupação fica aqui, enquanto fazemos esta denúncia da tribuna à Frente Popular. Onde estão os recursos, onde estão as condições para que se dê um tratamento efetivo de saúde à população de Porto Alegre.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Enquanto o nobre Vereador fala em instalação do Pronto Socorro zona sul e norte, digo que o atual Pronto Socorro não dá mais janta aos funcionários, alegando falta de dinheiro.

 

O SR. MANO JOSÉ: Assim vamos indo. Funcionários revoltados, uma má prestação de serviços e mais uma vez, infelizmente, a população da Cidade sai perdendo. Nobre Vereador, o nosso voto é favorável ao seu Projeto e esperamos que a Frente Popular tenha a sensibilidade de pelo menos olhar com um pouco mais de seriedade a área da saúde e a prestação desse tipo de serviço tão carente de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Para discutir, com a palavra, o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu também pergunto, como o Ver. Mano José, onde estão os recursos da saúde? O Governo Federal propõe, mas onde estão os recursos? Eles param no meio do caminho e não chegam a Porto Alegre. Outra questão, assim como o Ver. Cyro Martini, autor desse Projeto, posso dizer que também conheço vilas populares e moro numa vila popular. Inclusive, fui dirigente da UAMPA durante dois anos. Quero dizer, evidentemente, que eu, como morador de vila popular, também quero serviços de atendimento de primeiros socorros. Agora, pergunto, por exemplo, na Lomba do Pinheiro tem no mínimo dez vilas, cada uma vai querer uma ambulância dessas? Na área do Partenon, também, há uma área enorme de vilas e todas vão querer uma ambulância, e por aí afora? Então, no mínimo, este Projeto do Ver. Cyro Martini cria um alto custo financeiro. Se o Município tivesse condições de atender, já teria atendido. O Município já mantém com convênio com a Brigada Militar que presta este serviço através do Corpo de Bombeiros. Existem quatro ambulâncias minimamente equipadas para emergência e com pessoal treinado a nível de auxiliar de enfermagem. O Município não ampliou este serviço, porque não tem recursos. Se aprovarmos este Projeto, eu vou ser obrigado a propor que a Câmara crie uma emenda criando a Casa da Moeda do Município. O Projeto é apressado, porque nós temos que ter um estudo da repercussão financeira deste Projeto e um estudo sobre onde vamos colocar a ambulância. E vamos ter que nos perguntar se este serviço é só para as vilas ou para os bairros também.

 

O Sr. Mano José: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, nós fazemos uma pergunta, frente ao exposto de que os recursos não têm vindo do Governo federal. Realmente, tem havido dificuldades no repasse destas verbas, nós temos conhecimento. Mas, todas as vezes que nós ouvimos esta afirmativa, nós nos perguntamos, Porto Alegre existe há 217 anos, foram 217 anos sem recursos do SUDS, agora, existe o SUDS e o problema todo é de um ano para cá. Então, 216 sem recursos, funcionou muito bem, um ano para cá, não funciona, porque não existem recursos e os repasses têm sido muito morosos, a quantidade de dinheiro tem sido pequena. Nós estranhamos, porque aumenta o número da população carente e nós temos que convir que tem aumentado bastante da Receita do Município. Temos a reforma Tributária que trouxe mais recursos ao Município, mais do que ele já tinha direito, sabemos que a importância não é muito grande, mas é uma Receita considerável e que esta pode prestar um pouquinho melhor o atendimento de saúde que já vinha sendo prestado na Cidade.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Eu só quero dizer que esta forma tributária é uma falácia, e a necessidade de recursos aumenta numa quantidade muito pior, porque ela não nos traz os recursos que pensávamos que trouxesse. Um aparte ao Ver. Luiz Braz.

 

O Sr. Luiz Braz: O Projeto é bom, e ele não diz, em momento algum, mas tem que ser destinada uma ambulância para cada vila popular. Eu acredito que V. Exª, quando se preocupa com os recursos , tem toda a razão, mas eu me lembro que o Ver. Luiz Machado, desta tribuna, disse que, em contato com o Governo Federal, tinha conseguido uma ambulância lá para a Restinga; e eu acho que, realmente, está faltando um pouco mais de contato do Governo Municipal com a área Federal para que recursos possam vir para Porto Alegre, a fim de que projetos bons como este possam se tornar viáveis. Até sugiro, e V. Exª que tem acompanhado tão bem este projeto, que apresente uma Emenda para torná-lo ainda melhor e, talvez, até viável para o nosso Município, porque sei que V. Exª também quer assim.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero agradecer a V. Exª a oportunidade do aparte que me dá para que possa dizer que não sou contrário à idéia do Ver. Cyro Martini, porque até está bem elaborada. Deveria ser uma proposição de Vereador ao Executivo, mas cumprimento V. Exª também, porque coloca muito bem, se a idéia é boa, ela deve ser estudada, nos mínimos detalhes, para que possa-se viabilizar. Se ela é tão boa, o Executivo poder dizer como fazer, ou até não fazer, em razão da falta de recursos. Meus cumprimentos.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Quero continuar o meu pronunciamento dizendo que, no mínimo, está faltando aprimorar um estudo sobre esta questão, tipo: onde é que vamos colocar as ambulâncias? Serão só vilas, ou os bairros serão incluídos? Porque até defendo que os bairros sejam incluídos, porque o problema é o mesmo. A segunda questão que gostaria de colocar é que tem aí a questão legal. A Auditoria dá inclusive um parecer contrário, primeiro, quando ela diz que compete privativamente ao Prefeito planejar e promover a execução dos serviços públicos municipais. Depois, ela complementa dizendo que cabe informar ao Vereador autor do presente Projeto de Lei que a matéria se mostra adequada à proposição prevista no Art. 157 do Regimento Interno que diz o seguinte: Pedido de Providências é a proposição dirigida ao Prefeito solicitando medidas de caráter político-administrativos. Então, o que existe é o Pedido de Providências. Eu até concordo que esta Casa possa fazer um Pedido de Providências, inclusive, auxiliar num estudo nesta medida. Como eu já disse, eu também sou favorável a que possamos ter este serviço nas vilas e nos bairros. Agora, vamos ter que criar a “casa da moeda” do Município, vamos ter que, no mínimo, fazer um estudo. Como é que vamos implementar isto? Por que criar uma lei e propor que o Município cumpra sem recursos? É um negócio falacioso.

Outra coisa, o Ver. Cyro Martini usa de um artificio, quando ele autoriza o Executivo a instituir o serviço de ambulância e socorros para as vilas populares. Quer dizer, eu entendo que mesmo este “autoriza” continua entrando na área de competência do Executivo. É apenas um artifício, porque não pode um Projeto de Lei autorizar. Na verdade, este “autoriza” acaba sendo uma lei e acaba tendo que ser cumprida. Eu quero que esta Casa tenha responsabilidade de ajudar a fazer este estudo de como viabilizar este projeto, porque se é para ter este serviço, evidentemente que eu quero. Agora, não podemos criar projetos que são inviáveis. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o presente Projeto, de autoria do Ver. Cyro Martini, deve ser decomposto para análise e discussão em duas partes. O aspecto de ordem legal, constitucional, regimental. A competência do Executivo e Legislativo e a questão afeta ao mérito, quando à última questão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o mérito do projeto, desnecessário seria dizer vivemos uma situação ligada às áreas paupérrimas e pobres da Cidade, é muito difícil. Insustentável do ponto de vista da prestação da saúde pública. Então, ao Projeto analisado do ângulo do mérito, não poderia faltar o apoiamento das Comissões Técnicas da Casa, nas demais Comissões Técnicas. Imprescindível o apoiamento, porque as Comissões da Casa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, têm parâmetros bem definidos. Exceção à Comissão de Justiça e Redação, as demais tem as suas atribuições, os enfoques e as análises no que respeita ao mérito. A discussão, evidentemente, se dá no terreno da legalidade, no terreno da constitucionalidade. Nós sabemos, Sr. Presidente, e Srs. Vereadores e temos presente o velho princípio jurídico, diríamos assim, do império, da lei de que “lei que não vige é fogo que não queima, é água que não molha”. Evidentemente, temos presente esse velho princípio, mas por outro lado a figuração trazida no Projeto, através da emenda, e não se trata da criação nova, há uma jurisprudência na Casa, se assim podemos colocar, há uma tradição na Casa em se colocar este aspecto que cria ao Executivo a possibilidade de convalescer a idéia ou não. Pode o Executivo Municipal, em face da Emenda nº 1, que autoriza e não determina, ter um caminho, um dispositivo que encontrou o legislador, a Câmara Municipal de Porto Alegre, ao longo do tempo, angustiada com os problemas que afetam a comunidade, de buscar um mecanismo capaz de instrumentalizar uma idéia e oferecer ao Poder Executivo para executar, se assim entender. Este, exatamente, o conteúdo estabelecido na disposição autorizativa. Não vamos cristianizar aqui o Ver. João Dib que, quando veio à tribuna, discutiu puramente a questão ao nível da legalidade e da constitucionalidade. Mas, na medida em que o Projeto traz consigo a emenda autorizando, cria exatamente aquelas condições que superam, saneiam, por assim dizer, a questão da inconstitucionalidade. Quando a Emenda estabelece que fica autorizado o Poder Executivo, não determina ao Poder Executivo que adote o Projeto ou não. É uma forma – e dizia, Ver. João Dib – que encontrou o legislador angustiado com o fato social que o cerca, e exige que ao nível Legislativo se adote, se indiquem medidas ao Executivo. V. Exª, quando Prefeito, recebeu, nesse sentido, várias matérias dessa natureza, talvez até muitas tenha aproveitado.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quero dizer a V. Exª que talvez um dos Vereadores que mais usou a autorização para o Executivo em Projetos de Lei – alguns aprovados e outros rejeitados nesta Casa – fui eu mesmo. Mas, nobre Vereador, vou dizer a V. Exª que só se autoriza algo que esteja proibido e ao Executivo não é proibido criar o serviço de ambulância. Ele pode, através de uma decisão do Secretário de Saúde, com a concordância do Prefeito, fazer o serviço de ambulância. É inerente à autoridade do Prefeito. Então, não há por que autorizar. A Auditoria da Casa coloca muito bem quando diz que caberia um Pedido de Providências, um estudo na sugestão do Vereador, muito boa idéia, mas não precisa autorizar o Executivo, pois ele tem essa autoridade.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exª. Mas é preciso que se esgote o conteúdo ideológico da palavra autorização, do ato autorizativo, que nada contém senão a recomendação para que o Executivo, tendo em mãos a idéia devidamente instrumentalizada, proceda na conformidade do ali estipulado. Esse é o conteúdo da expressão autorizativa. É exatamente uma recomendação que faz o legislador, sensível a todo meio hostil que o cerca, ao Executivo, na busca de providências dessa natureza.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esse Projeto Autorizativo se parece muito com o Pedido de Providências só que é alguma coisa que tem maior relevância, porque não está obrigando. Ele não obriga a que o Executivo tome aquelas providências, mas sugere que o faça, porque, como disse o Ver. Dib, o Prefeito não precisaria de autorização para fazê-lo. Acontece que a idéia dada pelo Ver. Cyro Martini é boa, então, ao invés de ele usar o Pedido de Providências ele utiliza o projeto autorizativo. Muito obrigado.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exª. Mas, apenas para deixar claro, com a responsabilidade que nos corresponde enquanto Comissão da Casa, que o Projeto sem a emenda nº 01, o dispositivo autorizativo, seria uma matéria rotundamente inconstitucional porque não tem o Legislativo competência para criar serviços e aumentar a despesa. Mas, à medida em que o Legislativo estabelece esse mecanismo, que nada mais significa e representa do que indicar, sugerir ao Executivo que aproveite a análise, o estudo e a sugestão, se nos afigura uma prática que não deve ser vedada ao Legislativo. A configuração jurídica que o Legislativo encontra para encaminhar assuntos do interesse da comunidade não deve ser vedada, pois, do ponto de vista evolutivo da participação legislativa, esse mecanismo deve ser mantido, pois é capaz de levar, ao Executivo, subsídios na busca da resolução das questões atinentes aos interesses das nossas comunidades pobres. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): A palavra com o Ver. Omar Ferri.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é verdade a conceituação dada pelo Ver. Airto Ferronato. São reais as disposições do inciso II, do art. 57, da Constituição Federal anterior, que assinalava ser da competência exclusiva do Presidente da República a iniciativa de leis que criem cargos, funções ou empregos públicos, aumentem vencimentos ou a despesa pública. Quando a atual Constituição dispôs sobre esse capítulo, ela diz na letra “a”, do inciso II, do parágrafo 1º do art. 61, que é da iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre a criação de cargos, ou funções, ou empregos públicos na administração direta ou autárquica ou aumento de sua remuneração.

A atual Constituição, e isso é verdade, suprimiu aquela partícula conetiva, disjuntiva: ou a despesa pública.

Então, esta circunstância sugere que o atual Legislativo Municipal teria condições de apresentar e ver aprovados projetos de lei que impliquem na despesa pública. Mas eu não acho que a supressão deste dispositivo tenha sido liberal, intencional. O inciso VI do art. 84 da atual Constituição da República diz que compete privativamente ao Presidente da República dispor quanto à organização e o funcionamento da administração federal na forma da Lei. Então eu concluo que o argumento apresentado nesta tribuna pelo Ver. Antonio Dib está correto. Vejam bem: se a Constituição Federal anterior silenciou sobre este item: despesa pública; está de pé, enquanto não tomarmos providências, em relação à atual Lei Orgânica do Município o dispositivo de nossa Lei Orgânica assinalado no parecer prévio inicial dado pela Comissão Técnica da Casa que diz o seguinte: “Quanto à iniciativa, a presente proposição está em desacordo com a Lei Orgânica Municipal que dispõe: compete privativamente ao Prefeito, inciso XVII: planejar e promover execução dos serviços públicos Municipais.”

Além disso eu gostaria de acrescentar as disposições previstas no artigo 163, § 3º, I e II da atual Constituição. O art. 166 fala do plano plurianual e das diretrizes orçamentárias do orçamento anual e dos créditos adicionais, e o inciso III diz mais ou menos o seguinte: “As emendas ao Projeto de Lei do orçamento anual ou aos Projetos que o modifiquem, somente podem ser aprovadas quando compatíveis com o plano plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias; e também quando indicarem os recursos , excepcionados apenas os provenientes de anulação de despesas, excluídas as que incidem sobre, etc...

A Constituição diz em algumas letras as exceções, portanto me parece que este Projeto de Lei, cujo mérito eu não discuto, e até louvo o Ver. Cyro Martini, me parece que este Projeto de Lei contém um grave pecado de tumultuar a previsão e a competência do Prefeito naquilo que ele é, um direito concedido pela própria Lei Orgânica, a quem compete planejar, organizar e administrar os serviços públicos municipais. A quem compete prever a lei anual de despesa pública através do orçamento? Ao Prefeito Municipal? A quem compete esculpir as dotações orçamentárias, previstas e necessárias para uma boa Administração? Ao Prefeito Municipal. Então me parece que este Projeto é uma Lei e também não é Lei, é mais sugestão do que Lei, e é evidente que é mais sugestão do que Lei, porque nós temos no âmbito da Administração Municipal um departamento de Serviço de Medicina Pública encarregado exatamente das atribuições pretendidas pelo Projeto, que é o Pronto Socorro Municipal. E se o Pronto Socorro Municipal não está funcionando bem, por falta de verba – isso é uma constante nas explicações dadas pelo Executivo municipal à Câmara Municipal de Vereadores, tais as dificuldades que existem – se o próprio Pronto Socorro não funciona de acordo com a inspiração de sua criação, eu acho que este Projeto de Lei seria uma espécie de “bis in idem”, neste mesmo campo de atividade do Pronto Socorro Municipal. Por isso que eu, com todo o respeito, acho que a intenção é a melhor possível, mas levanto a impossibilidade prevista na Lei Orgânica do Município de Porto Alegre para me posicionar contrariamente a este Projeto de Lei. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para discutir, o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na questão da Saúde o Município, hoje, além do Pronto Socorro, tem a responsabilidade direta por uma rede composta de onze unidades, são os chamados postinhos – um inclusive na minha Vila, na Santa Rosa; nove creches, sendo três delas, inclusive, lá na Restinga, onde visitei recentemente e oito ambulatório. E como se sabe, todo este atendimento, de fato, deixa muito a desejar – e é um problema sério, porque a saúde é um problema sério assim como a educação. E nós ainda temos um problema que é o repasse dos recursos federais que, pelo Convênio do SUDS, de junho de 1988 a abril de 1989 eram repassados NCz$ 80;000. E permaneceu durante este tempo todo sem reajuste, numa conjuntura inflacionária que todos nós conhecemos. Recentemente foi negociado um reajuste que deveria chegar em maio, passando desses 80.000 para 300.000 cruzados novos. Mas só chegou agora, dia 15 de junho. Ora, para se ter uma idéia, os trezentos mil não dão nem para pagar o consumo do Pronto Socorro Municipal que está em torno de 500.000 cruzados novos, mais ou menos.

Então, não concordo, quando o Vereador Mano José vem colocar a questão, dando a entender que a Prefeitura não quer resolver. Hoje, se colocarmos em termos de percentuais, o serviço de saúde sob a responsabilidade direta da Prefeitura, noventa por cento dele é financiado com recursos do Município. E os outros dez por cento com recursos provenientes de verbas federais.

Então, o problema da falta de recursos existe. E estou lembrado, no ano passado, quão difícil foi colocar aquela ambulância que fazia parte do mutirão da Zona Norte, durante a coordenação do Ver. Dilamar Machado, lá na Santa Rosa. E depois que o Ver. Dilamar Machado saiu da coordenação, logo depois, ainda na Administração Collares, aquela ambulância foi retirada de lá para atender outras necessidades. Era uma ambulância, deveria ter outra na Zona Sul.

É um problema sério, o da falta de recursos, e quando se vai discutir um Projeto desta natureza tem que se pensar a questão dos recursos. Não entro na questão jurídica, legal, embora tenha parecer da própria Assessoria da Casa, dizendo que na primeira versão em que foi apresentado o Projeto do nobre Ver. Cyro Martini, implicava vício de origem. E, posteriormente, o próprio Vereador, sensível a esse argumento, apresentou uma Emenda, que transforma o Projeto que era uma criação desse sistema de ambulâncias, numa autorização ao Prefeito. Mas não entro nessa questão, até porque já foi bastante discutida por Vereadores que entendem mais da matéria do que eu. Eu fico com 2 aspectos desse Projeto: o primeiro é o mérito. Eu acho que o Projeto tem mérito, para chamar atenção no sentido de que temos que fazer um esforço para melhorar os serviços que hoje existem na periferia, principalmente nesse atendimento de urgência, temos que melhorar. Agora, a outra questão, e aí é que fica a minha argumentação contrária, é a viabilidade desse Projeto. Em primeiro lugar, como o próprio Vereador colocou, não é uma imposição, ele não obriga, propõe; mais adiante o Vereador diz que o Projeto é uma sugestão ao Prefeito. Ora, se ele é uma sugestão, no meu modo de entender ele é inócuo. E aí eu concordo com outros Vereadores que me antecederam e que colocam: se é uma sugestão, poderia ser feita através de um Pedido de Providências. Porque se nós formos analisar esse Projeto, ele não traz consigo uma análise mais detalhada, por exemplo, de quantas ambulâncias, quais os bairros? Inclusive do custo. Então não adiante a nós fazermos uma lei em cima de uma necessidade que é real, eu moro em vila e sei disso, e não apontar as formas de como vai ser possível viabilizá-la sob pena de nós criarmos uma lei que vai ficar no papel. Porque a lei em si não tem esse poder milagroso de tirar água de pedra. Não basta existir a lei dizendo como deve ser o atendimento e tudo o que necessitamos, pois isto nós sabemos. Para se efetivar o atendimento da saúde nas vilas é preciso que a gente pense numa conjuntura em que os recursos são escassos e que o Município, ao mesmo tempo em que recebe encargos, não recebe por parte das autoridades federais o aporte de recursos, ou apoio financeiro necessário. Esta é a razão principal que me leva a votar contra esse Projeto, embora reconheço que o mérito é indiscutível. Esse problema é crucial nas vilas. Vivo isso muito de perto. Seguido tenho que transportar em meu Fusca velho pessoas acidentadas aos hospitais. Agora me parece que esta lei não consegue ser objetiva, no sentido de que vá efetivamente melhorar a situação, porque estamos dentro de uma conjuntura onde os recursos são extremamente escassos.

Por último, gostaria de responder uma questão levantada, se não me engano, pelo Ver. Edi Morelli, acusando os postinhos de fechamento. Telefonei para a Secretaria e tive a informação de que isso não vem acontecendo. Vem acontecendo com os postos avançados da Secretaria Estadual da Saúde. Nenhum posto diretamente ligado à Prefeitura foi desativado. A não ser dois que já recebemos desativados e que estamos tentando fazer um convênio, não ser a o Posto Rubem Berta e da Chácara da Fumaça que nós já recebemos fechados e estamos tentando fazer um Convênio com o Hospital Conceição para, imediatamente, abrir. Não existe, fora destes, nenhum posto, na Secretária Municipal, fechado. O que existe é a Secretaria Estadual fechando alguns postos. Inclusive eu tenho a lista deles aqui. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa. Desiste. Próximo orador inscrito é o Ver. Luiz Machado.

Antes de conceder o tempo regimental ao Ver. Luiz Machado, desejo apregoar a este Projeto uma Emenda de Liderança do Ver. João Dib, que suprime o art. 5º do presente Projeto. Esta Emenda já tem Parecer contrário do Ver. Elói Guimarães que, tão logo esgote-se a discussão, nós faremos Reunião Conjunta das Comissões para apreciação deste Parecer contrário do Ver. Elói Guimarães à Emenda do Líder João Dib.

Com a palavra, o Ver. Luiz Machado V. Exª tem 10min.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto de Lei do nobre Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre a saúde pública, socorros de urgência para as vilas populares, atende principalmente àquilo que até hoje os Governos não têm cumprido com as leis existentes no momento, principalmente, em se falando de saúde, a periferia está muito abandonada. O seu Projeto tem mérito, nobre Vereador. Falou-se aqui, muito, sobre a Lei Orgânica. Nós não poderíamos, neste momento, tirar o poder do Prefeito, do Executivo, atribuições que são dele. Quero dizer que este é o ano para fazermos alterações na nossa Lei Orgânica, naquilo que diz respeito ao interesse público, é o momento de nos atermos a ela, a Lei Orgânica, e vermos que leis casuísticas como estas, que não dão força ao nosso Parlamento, devemos revogá-las, derrubá-las. O Ver. Décio Schauren diz que não consta no Projeto onde a ambulância deve ficar. Em primeiro lugar, as ambulâncias não são para os mais abastados, pois esse têm a Golden Cross e Unimed; é um projeto para atender as nossas periferias, os humildes, os oprimidos, os fracos, que não têm carro para uma necessidade, que não têm dinheiro para pagar um táxi. Agora, não é um projeto para atender os mais abastados, não é para colocar uma ambulância lá no Alto Petrópolis.

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Evidentemente que sei que é para as vilas populares, e acho que, por exemplo, o bairro Bom Jesus, não é tão abastado; temos , no mínimo, 300 vilas populares em Porto Alegre, e se não tivermos um estudo aprofundado, vai começar uma briga entre as vilas, pois todas vão querer.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Pela sua inteligência, se deve criar uma Emenda, dividindo a Cidade em quatro partes bem distintas. Isso não tem problema, não é, nobre Ver. Cyro Martini, que diz que não colocou o número de ambulâncias. Um aparte ao Vereador.

 

O Sr. Cyro Martini: Nobre Vereador, acho que o Ver. Décio Schauren não leu o texto do Projeto por mim apresentado. Evidentemente que uma lei desta natureza não será tão exaustiva quanto deverá ser o decreto que regulamenta a respeito da matéria. Nós apenas captamos, aprendemos a necessidade e transformamos em proposta, em Projeto de Lei. Agora, o alcance, em termos de detalhamento, este aí foge da nossa alçada. Mas, de outra parte, eu não posso também aceitar que algumas manifestações acendam uma vela para Deus e outra para o Diabo e têm pessoas entre nós que em suas manifestações assim o fazem: ou acendem para um ou acendem para outro, mas não para ambos, simultaneamente.

 

O SR. LUIZ MACHADO: O seu Projeto, Vereador, eu apoio na sua plenitude, na criação e na inteligência, até mesmo porque representa um segmento da nossa periferia e vejo estes problemas a olho nu e sei que V. Exª é uma pessoa voltada às camadas menos favorecidas da sociedade. Por isto é que tem o meu apoio, o meu voto favorável e posso dizer que o Governo tem que se adaptar ao momento em que estamos vivendo e que se este momento requer que olhemos mais para as classes menos favorecidas da nossa sociedade, temos, Ver. João Dib, que alterar leis que favoreçam mais prerrogativas ao Parlamento. E leis como esta, que o nobre Vereador, Líder da Bancada, diz que hoje nós vamos votar inconstitucionalmente, porque a lei não dá guarida e estaremos transgredindo, até mesmo, eu quero dizer que conto com o apoio do Vereador do PDS, Líder da Bancada, para que alteramos leis como esta, Ver. João Dib.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na realidade nós não podemos alterar a Lei Orgânica ultrapassando o que preceitua a Constituição. Nós temos que respeitar a Constituição, mas nada impede que o inteligente Ver. Cyro Martini, tendo uma idéia tão boa, transforme o Projeto num Pedido de Providências para que o Executivo examine.

Eu quero dizer a V. Exª que, no início deste ano, eu solicitei, num Pedido de Providências, que o Executivo reeditasse uma campanha feita ao tempo em que eu fui Secretário de Obras e que era de prevenção de incêndios. A campanha até se intitulava: “É fogo esquecer a rede elétrica”. Fiz um Pedido de Providências, não divulguei, não fiz nada de mais, mas já recebi técnicos do Executivo procurando saber como fazer a campanha. Portanto, não é só lei que movimenta a Cidade, são idéias que movimentam a Cidade, são proposições concretas e bem estudadas que movimentam a Cidade.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Muito obrigado pelo seu aparte, Ver. João Dib.

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só quero aproveitar esse novo aparte para dizer que a minha proposta não é uma idéia. Idéia pode dar a entender que tenha sido uma criação mental de minha parte. Ela, a proposta, corresponde ao anseio das camadas populares mais necessitadas e, a par disso, nós temos, evidentemente, que trazer para cá aquelas reivindicações que nos fazem, que nós constatamos. É claro que se nós dispusermos de espaço pelos meios de comunicação social, mediante os quais nós possamos levar a toda população as nossas idéias, os nossos Projetos, as nossas propostas, seria muito bom. Mas, para quem não dispõe, aqui é o fórum adequado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Acolho o seu aparte, Ver. Cyro Martini. Eu queria dizer que há Vereadores aqui que falaram que nós teríamos que criar a “Casa da Moeda” no Município. Eu quero dizer que nós temos que criar, isso sim, ter criatividade para que o Executivo envie projetos para esta Casa para que nós possamos aprová-los, para dar condições ao Município de administrar Projetos que nós elaboramos, que sejam para o lado social e venham a atender a grande gama da sociedade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a palavra, o Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores., o mérito do Projeto é inquestionável, ele vem atender uma justa aspiração e vem propor uma assistência à saúde e a manutenção da vida de populações carentes que somam somente em Porto Alegre um  total de 400 mil almas. Esta é a população alvo que será atendida, se aprovado o referido Projeto. Óbices constitucionais que se contrapõem ao Projeto já foram amplamente analisados pelos juristas e tributaristas desta Casa onde está, que é o Ver. Omar Ferri e ao grande tributarista, um dos maiores do Brasil - e participei de vários Congressos e posso afirmar com convicção – é o Ver. Airto Ferronato. Esse Vereador reconhece a fundo... (apartes do Plenário) Com aplaudo do PSB e do PDT. Então, esta Casa está muito bem servida, graças a Deus, de homens de larga experiências em todos os ramos. E ao novo Vereador que assume a esta Casa, está no meio de outros, em todos os assuntos. O que V. Exª analisar, encontrará aqui um entendido, do qual V. Exª também é um grande exemplo de liderança comunitária. O impedimento legal na Constituição não é gratuito. Ele tem um fundamento. Ninguém coloca um impedimento só para impedir, ninguém quer travar a iniciativa de ninguém. A base do impedimento, o elemento formador deste impedimento qual é? É lógico que é recurso, porque senão todos os legisladores do Brasil encontrariam todo o dia, em cada Sessão, soluções para todos os problemas que afligem este País. Por exemplo, tenho uma grande aspiração. Quero que cada brasileiro tenha uma casinha branca com um coqueirinho do lado, e uma geladeira cheia de gêneros alimentícios, se possível, um carrinho e um CIEM por este Brasil afora. Mas como o Brasil não pode dar isso aí, nós temos que ir para o diálogo. Agora, se o problema do óbice constitucional é o recurso, evidente que é o recurso, para esta questão nós já temos apresentado uma solução. Esta Casa já foi palco de um amplo debate em que foi analisado o problema do Pronto Socorro, porque na verdade o que se está propondo é a extensão do serviço que o Pronto Socorro presta lá na Oswaldo Aranha com a Venâncio Aires para as vilas de Porto Alegre, é isso, Ver. Cyro Martini. Porque a ambulância vai atender o quê? Os casos de urgência. Casos de urgência, em Porto Alegre, são atendidos – e muito bem atendidos – pelo Pronto Socorro. Ora, o Pronto Socorro é o órgão consenso municipal. Se nós tivéssemos que escolher, aqui no Plenário, qual o órgão mais importante de Porto Alegre, o órgão nota 10: o DMAE, a SMOV, o DMLU, ou o Pronto Socorro? Tenho absoluta certeza de que o Hospital de Pronto-Socorro receberia, não só dos Vereadores, mas de toda a população nota 10. Por quê? Porque é um serviço bom, um serviço importante. E qual a família, em Porto Alegre, que já não se beneficiou dos serviços do Pronto Socorro? Só que ele está morrendo aos poucos, ele está para explodir a qualquer momento, porque não tem condições financeiras para agüentar a demanda de serviços. Não só a população de Porto Alegre procura seus serviços, mas a população da região metropolitana. Eu digo aqui, Vereador, que o Hospital Pronto Socorro já atendeu todas as famílias metropolitanas. E dos atendimentos graves que o Pronto Socorro presta, 8% vem do interior e uma boa porcentagem de Santa Catarina.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu passei 35 anos da minha vida sem entrar no Pronto Socorro. Em questão de 3 anos eu me envolvi em 2 ou 3 atropelos, a minha senhora se engasgou com uma espinha de peixe e uma filha teve uma inflamação numa perna, então, a minha família já foi atendida umas 6 ou 7 vezes pelo Pronto Socorro. Quero aplaudir o pronunciamento de V. Exª e aproveitar para dizer que se fosse tão fácil assim para nós resolver todos os problemas do Município, amanhã vou apresentar um Projeto de Lei que diga: “Art. 1º - É proibido que as crianças do Município de Porto Alegre passem fome. Art. 2º - o Executivo Municipal deverá regulamentar a presente Lei em 90 dias, depois de sancionada e após 90 dias para distribuir alimentos para o povo. Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.” Muito obrigado.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Muito bem, Vereador, o depoimento de V. Exª com relação ao Pronto Socorro poderia ser repetido, aqui, por todos os demais Vereadores desta Casa e por todos os funcionários. Agora, na verdade, temos a solução para o Pronto Socorro e este Vereador tem tido o escrúpulo de não apresentá-lo através de Projeto de Lei. Já estive tentado apresentar um Projeto de Lei transformando o Pronto Socorro numa fundação e não o fiz. Estou tentando levar o assunto ao debate para que haja o convencimento das autoridades municipais, das autoridades sanitárias do Município e, finalmente, ao Prefeito, para que se convençam de que a solução para o crônico problema de recursos para o Pronto Socorro está na instituição de uma fundação, a qual abrirá um campo enorme de recursos, que é o cerne de toda a questão. Tecnicamente, o Pronto Socorro está perfeito. Sob o aspecto profissional temos os melhores médicos de Porto Alegre, todavia existem aqueles problemas de que determinados especialistas fazem um expediente reduzido, às vezes uma hora ou um pouco mais por dia. Isso ocorre porque o Pronto Socorro não tem condições de pagar um pouco mais para esse profissional. Então, sendo uma fundação, esse médico poderá cumprir as horas correspondentes ao seu contrato de trabalho como Município e, as demais, a fundação irá alocar através de um manancial de possibilidades que se abrem para uma fundação. A fundação tem caráter privado, pode buscar recursos na área privada, sendo que os instituidores dessa fundação serão o Município de Porto Alegre e os demais Municípios da região Metropolitana, o INAMPS, etc. Com isso, Ver. Cyro Martini, poderíamos montar um complexo como o que existe em Belo Horizonte, no Rio de janeiro, com vários setores especializados em traumatologia, queimaduras, etc. Uma fundação com essas características não só iria atender à população de Porto Alegre como aos demais Municípios vizinhos. Porto Alegre é uma das cidades que tem o maior número de carentes do Brasil. Então, vamos repensar sobre este assunto, vamos colocar em pauta esse estudo sobre a transformação do Pronto Socorro em fundação.

Mas não poderia encerrar o meu pronunciamento sem antes citar um fato lamentável. Eu vejo aqui a ardorosa Bancada do PMDB defendendo, como eu defendo também, o Projeto do Ver. Cyro Martini. Essa questão da constitucionalidade isso o Prefeito depois irá estudar porque ele pode, em aceitando, não vetando, ela está concordando com o Projeto do Ver. Cyro Martini.

Mas vejam aqui: Bonow denuncia na Assembléia Legislativa o fechamento indevido. Eu faço um apelo à Bancada do PMDB para que leve isso ao Sr. Governador, no sentido de não permitir o fechamento do Centro de Saúde 01, localizado no Bairro Navegantes a pretexto de efetuar reformar no prédio, que irá prejudicar drasticamente o atendimento de 250 mil pessoas das regiões de Alvorada, Canoas, Gravataí, Cachoeirinha, Guaíba, sobretudo com doenças respiratórias e principalmente para as crianças.

Essa denúncia foi levada pelo Dep. Bonw e eu faço um apelo à Bancada do PMDB para que questione junto ao Sr. Governador para que não permita que esse crime contra a população carente de Porto Alegre se perpetue.

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Nobre Vereador, estando o seu tempo esgotado eu me inscrevo e cedo o meu tempo a V. Exª, com a permissão do Ver. Heriberto Back.

 

O SR. VICENTE DITRA: Agradeço ao Ver. Clóvis Brum, que se encontra na Presidência.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, nós vemos nesta Casa que quando um projeto é de cunho social como o do Ver. Cyro Martini até mesmo ironia se vê, porque quando vêm a esta Casa outros tipos de projetos, para outros fins, não se vê este tipo de atitude. Queria dizer a V. Exª que o Governo do PMDB está atento e vai trabalhar para o Estado do Rio Grande do Sul, como está trabalhando, e vai ser um dos maiores governos.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Vereador, eu só queria dizer que não existiu a intenção de ironia em trazer esta denúncia.

 

O Sr. Luiz Machado: Não foi de V. Exª.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Isso aqui é um fato concreto, nós apenas estamos fazendo um apelo aos três ilustres Vereadores desta Casa, para que com a força que tem junto ao Governador não permitam que isto se perpetue.

 

O Sr. Jaques Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, V. Exª comentava, agora, na tribuna, o fechamento do Posto de Saúde nº 01, Navegantes, criado em 1948, naquela comunidade, e altamente assistido pela Associação dos Amigos do 4º Distrito, que tem uma responsabilidade comunitária muito grande naquela área, onde temos o Hospital Santo Antônio, Creche dos Navegantes, Sopão Comunitário, Albergue Noturno, Escola de Samba e tantas outras coisas administradas por essa Associação de que tenho a honra de ser Presidente há mais de dez anos.

Então, dizer que houve contato de parte do Secretário da Saúde, Antenor Ferrari, explicando a mim, nas condições de Presidente, que precisaria fazer uma reforma no Posto de Saúde nº 01, Navegantes. Foi acertado o acordo, então usamos agora as dependências da Igreja Nossa Sra. dos Navegantes, o Posto de Saúde da Vila Farrapos, e o Posto de Saúde do Tio Zeca enquanto houver a reforma no Posto de Saúde nº 01 neste caso, localizando na Sertório com Av. Pres. Roosevelt, que vai ser de grande valia para a nossa comunidade, e sendo ali instalado um Pronto Socorro Emergencial para atender esta demanda da Zona Norte.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Muito esclarecedor o seu aparte, e se V. Exª induziu este acordo, quero cumprimentá-lo, cumpre aquela imagem de grande representante daquela região.

Finalizo o meu pronunciamento fazendo um apelo: vamos estudar a idéia de transformar o Pronto Socorro numa Fundação, e aí teremos um Hospital com o padrão de um INCOR, que é uma fundação. Teremos um padrão de Instituto de Cardiologia que dá exemplos para todo o Brasil, rivaliza até com o INCOR. Até o exemplo da Santa Casa, que não sendo uma fundação, a situação jurídica institucional da Santa Casa é de Fundação. Era mal administrada porque não tinham elementos competentes para saber usufruir de todos os benefícios que uma fundação pode dar. No momento que o Cardeal Vicente Scherer e aquela equipe extraordinária de administradores, a Santa Casa hoje é um exemplo e está administrando e muito bem a saúde pública, principalmente dos carentes do nosso Estado. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O último orador inscrito é o nobre Ver. Heriberto Back, porém antes, em nome da Presidência da Casa, queremos fazer um comunicado urgente, ao Srs. Vereadores e a todos srs. funcionários da Casa.

A partir de segunda-feira haverá um nivelamento na parte em frente ao prédio para o asfaltamento a seguir. Em vista disso, o Sr. Presidente solicita que os Srs. Vereadores e os Srs. Diretores da Casa entrem com seus veículos pelo portão que dá acesso à garagem, passando a estacionar seus veículos na lateral do prédio. Os srs. funcionários estacionarão seus carros no local da Prefeitura, situado entre o prédio da Câmara e o prédio da Receita Federal. Essas alterações serão a partir da semana que vem, a fim de que possamos viabilizar essas obras.

 

O SR. VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a notícia que V. Exª traz aos Srs. Vereadores é boa e positiva. Realmente esse pátio é uma vergonha: nós, Vereadores, que tentamos tapar os buracos da Cidade, temos, na nossa Casa, essa buraqueira toda. Só pediria que levasse à Mesa a sugestão de que preservasse, ao fazer o asfaltamento, os locais onde deveriam estar vicejando árvores. Têm várias árvores já plantadas, umas muito pequenas, que devem ser trocadas e outras que morreram, mas o buraco deverá ser preservado para, ali, ser plantada, por todos Vereadores, individualmente cada Vereador desta Casa irá plantar uma árvore nesse pátio. Ainda, cada um vai cuidar da sua árvore, é o encaminhamento que farei na semana que vem.

 

O SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, concordo plenamente como Ver. Vicente Dutra. Que a partir dessa nova do companheiro Luiz Vicente Dutra e que nós fizéssemos, na frente da nossa Casa, uma plantação de árvores, retirando as que estão morrendo, e teríamos uma bela sombra e uma apresentação na Casa do Povo.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito à Srª Diretora Legislativa da Casa que receba os apanhados taquigráficos dessas manifestações e encaminhe-os, ainda, hoje, à tarde, ao Sr. Presidente Ver. Valdir Fraga.

Ver. Heriberto Back, agradecendo a sua atenção, V. Exª está com a palavra por dez minutos.

 

O SR. HERIBERTO BACK Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver. Paulo Cruz e, em especial, ao Ver. Cyro Martini, a quem queria me dirigir. Pretendia fazer uma Declaração de Voto, explicando por que irei votar contra o Projeto de V. Exª, mas preferi usar esse espaço para fazer minha declaração. Em primeiro lugar, se houve aqui contestações usando ironia contra o Vereador – eu não as ouvi – mas se houve acho que foram injustas. Injustas pela carreira e trajetória do hoje Ver. Cyro Martini, que conheci no Detran, depois nas vilas populares e também na 15ª Delegacia, que é um modelo de policial honrado e correto. A mim custa votar contra um Projeto dele, pois a mim nunca negou nenhum tipo de pedido que lhe fui fazer – nunca lhe pedi nada de absurdo – mas até coisas que até eram contra a lei, mas que eram de bom senso e fui atendido por ele e hoje estou nesta situação. Vou fazer esse registro, dizendo que vou entregar de público, porque acho que não existe vergonha no que ele fez. Dou um exemplo: eu como advogado do Sindicato dos Motoristas, se tem um motorista com excesso de álcool dirigindo ônibus e eu fosse ao Delegado pedir que desse uma colher de chá, seria muito ruim que o fizesse e criminoso que o Delegado me atendesse. Agora, um motorista que, com seu fusca, vai a uma festa no sábado à noite e o pneu fura e ele está no acostamento e é abordado por um brigadiano que constatou haver alguma irregularidade nos documentos do carro, tinha bebido umas cervejinhas e peço ao Ver. Cyro Martini, por uma questão de bom senso, para não prejudicar um profissional que, no volante do ônibus, sempre teve a melhor conduta. Eu dei este exemplo, porque o teor alcoólico estava um pouco acima do permitido, mas eu acho que é uma decisão de bom senso. Ele jamais faria isso para um motorista que estivesse dirigindo um ônibus, nem eu pediria. Então, o Ver. Cyro Martini, ele sempre foi um homem com este tipo de comportamento. E mais, nunca houve uma insinuação, que é sempre feita aos policiais, de corrupção, de ter uma propina por causa disso Nunca um pedido de apoio eleitoral, mas sequer uma insinuação. E eu me vejo obrigado a dizer isso, se é que houve, aqui, comentários irônicos. Eu não admitiria isso contra o cidadão Cyro Martini, o policial Cyro Martini, o Ver. Cyro Martini. Uma conduta íntegra e nunca ouvi uma insinuação. E olha que a Polícia é muito acusada disso, insinuação de propina. Numa uma insinuação de: me quebra este galho, me arruma uns votos. Eu nem sabia que o policial da época, era candidato a Vereador. Nas lutas comunitárias, ele diz que conhece as vilas e é verdade. Eu até me surpreendia que um Delegado de Polícia tivesse dentro das vilas populares, participando, caminhando, em reuniões. Eu o encontrei inúmeras vezes. O Projeto de Lei do Ver. Cyro Martini vem neste sentido, um homem que conhece os problemas da Vila, quer fazer algumas coisas por esta população, sabe da necessidade de uma ambulância, como sabe, também, que no serviço de saúde se precisa de um Posto de Saúde, se precisa do cano de água do DMAE, o cano do esgoto do DMAE, a comida para esta população. Então, ele está apresentando um Projeto de Lei. As minhas objeções não são apenas de ordem legal, são mais de ordem política e de organização. Eu diria que, numa sociedade justa e organizada, quando não houvesse necessidade de estar fazendo leis para uma população carente, nós temos que terminar com a miséria, um Parlamento como este deveria fazer as Leis para que houvesse um justo atendimento, como neste caso. Inclusive para toda a Cidade, porque não haveria vila pobre. Não é clandestina, pois todos nós andamos por dentro dela, ela é irregular. Então, diria que numa sociedade justa e organizada, um projeto de Lei destes seria competência deste Legislativo, como representantes maiores desta Cidade. Agora, numa sociedade injusta e criminosa, como é a sociedade capitalista, que leva essa população ao massacre social, só temos uma saída para reverter o quadro, que é a organização da população para poder enfrentar o sistema dominante neste País, e esta organização não se faz através de um Projeto de Lei. Então, acredito que aquele caminho, Ver. Cyro Martini, que tantas vezes trilhamos, que é de organizar a população, fazer assembléias, unificar as comunidades em seus conselhos populares, para fazer pressão na Prefeitura, no bom sentido, como fazíamos com o Collares, fazemos hoje com o Olívio, fazíamos com o Dib, esse é o melhor caminho. Precisamos do povo organizado para revertermos a situação, e esse povo vai se organizar se nós, Vereadores, representantes do povo, nos mantivermos lá na nossa base, junto com as nossas associações, formando os nossos conselhos para alcançarmos os objetivos, porque, do contrário, serão as classes dominantes, que abocanham os recursos não deixando chegar lá na população. Acho que o melhor caminho é continuarmos aquele trabalho, onde participamos juntos, unindo as comunidades, como o caso da ambulância da Zona Norte. Como é que ela foi parar lá? O Conselho Popular da Zona Norte, durante o mutirão da administração. Por que o mutirão foi para lá? Porque aquela comunidade se organizou, reivindicou, se uniu, e por isso alcançou uma série de conquistas. E assim também em outras zonas da Cidade. Acho que as ambulâncias devem ir sim, mas não através de um Projeto de Lei, e sim através da organização da população que temos que ajudar, assim como V. Exª sempre ajudou, e eu acompanhei, conheço seu trabalho, e acho que esse é o sistema, porque vamos alcançar duas coisas: as ambulâncias, que são necessárias, os postos de saúde, o cano de água, de esgoto, que falta para a comunidade, a comida que falta, o poder aquisitivo, e vamos alcançar algo muito maior, e mais necessário, que é a organização desse povo para reverter essa sociedade profundamente injusta, criminosa, dominada que nós temos hoje. Se nós queremos fazer independência deste País, nós temos que fazer uma coisa, cada comunidade tem que declarar sua independência, cada comunidade tem que se organizar para cuidar dos seus interesses, de suas reivindicações. Então, acho esse que é o melhor caminho. Nada contra o mérito desse Projeto de Lei. Nada contra inclusive à objeção legal que, para mim, é secundária. A objeção é que não me parece que seja o melhor caminho para nós organizarmos esse povo. Por que não podemos fazer através de um Projeto de Lei? Seria muito bom que o pudéssemos. Seria muito bom que nós já tivéssemos uma sociedade justa, organizada em que os representantes do povo fizessem a destinação, a distribuição justa dos recursos dos serviços, mas nós não estamos nessa sociedade, nós temos que nos organizar para derrubar esta sociedade que está lá e implantar uma nova sociedade e isto se faz com a organização de nosso povo, os nossos conselhos populares na reivindicação, na luta, e nada mudou porque agora o PT, ou qualquer partido assuma o governo da Prefeitura. Vai mudar quando o povo tiver organizado para ser ele o próprio Governo, cada um em sua comunidade assumindo o seu destino. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós vamos suspender a presente Sessão, e vamos convocar incontinenti uma reunião conjunta das Comissões para apreciar a Emenda de Liderança do Ver. João Dib, e o Parecer do Relator-Geral, Ver. Elói Guimarães.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 12h11min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 12h19min): Reabrimos os trabalhos da presente Sessão.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA

 

PROC. Nº 0820/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 011/89, que altera o artigo 6º da Lei nº 6382/89, que fixa os vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do Município, e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver. Flávio Koutzii: apela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Wilton Araújo: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Convido os Vereadores Luiz Machado e Omar Ferri para escrutinadores, já que a votação é secreta.

Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 27 dos Srs. Vereadores.

 

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLE nº 011/89 por 27 votos SIM.

Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. João Motta, solicitando seja o PLE nº 011/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0607/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 005/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que institui a fiscalização comunitária no sistema de transporte coletivo de Porto Alegre e dá outras providências.

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Heriberto Back: pela aprovação;

- da CEDECON. Relator Ver. Jaques Machado: pela aprovação.

 

Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo, solicitando seja o PLL nº 005/89 adiado em sua discussão e votação por uma Sessão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1393/89 – REQUERIMENTO Nº 099/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que solicita inclusão nos Anais, do texto do cientista político Herbert Souza, Betinho, publicado no Jornal do Brasil do dia 07.05.1989.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver. Flávio Koutzii: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento nº 099/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

É a seguinte a matéria a ser inserida nos Anais:

“Para pensar enquanto é tempo - Herbert de Souza

Um operário decide sozinho que o trem que ele opera na Central do Brasil não tem condições de segurança. São 5h30m. Milhares de operários iguais a ele (ou mais pobres) voltam à casa para descansar o pouco tempo que sobra de um dia sofrido e mal pago. Esse operário pára o trem e se declara em greve particular. Milhares de operários entram em choque com a polícia e se instaura um clima de intensa violência.

Um bancário participa de uma greve em Recife e, durante uma manifestação, recebe de um desconhecido uma bombinha de efeito moral para soltar. A bomba explode em seu corpo. Além de perder a audição de um ouvido o bancário se vê envolvido numa trama da qual não sabe mais como sair inocente.

Dois líderes sindicais da CUT do Rio apóiam o movimento grevista dos policiais do Rio de Janeiro e aparecem nos jornais ao lado e apoiando dois personagens identificados aos esquadrões da morte – que se orgulham de haver matado dezenas de bandidos.

Médicos entram em greve em Recife e ameaçam fechar a UTI e desligar os aparelhos que atendem a pacientes graves.

Operário ocupam a Mannesmann em Belo Horizonte e afirmam que, se forem desalojados, explodirão os altos-fornos da empresa, fazendo tudo voar pelos ares.

Funcionários públicos do Município do Rio de janeiro ficaram em greve por mais de cinco meses, paralisando os serviços de educação e saúde que atendem à população pobre da Cidade, enquanto a classe média seguia normalmente a sua vida atendida pela rede privada de educação e saúde. A Prefeitura estava falida em conseqüência de muitos fatores e, dentre eles, um que se chamava Governo Federal.

Esses poucos exemplos mostram que o movimento sindical está perdendo o rumo e que os partidos políticos e todos os cidadãos que têm voz no País estão entregues a uma loteria cujos cartões já começam a ser perfurados pelas bombas terroristas da direita e por uma profunda irritação de setores da população que não vê sentido no que ocorre ao seu redor.

E, no entanto, é fundamental pensar, falar, refletir, participar para que os movimentos sociais não entrem nos becos sem saída, nas armadilhas da miopia, da burrice política e da provocação. Não quero participar com meu silêncio e omissão. Quero fazer o meu alerta, como alguém que veio de 1964 e não quer voltar aos tempos da ditadura militar exatamente no momento em que vejo o fim do golpe e o começo real da transição para a democracia.

O movimento popular não pode ser cego. Não pode aceitar provocações. Não pode ser ingênuo a ponto de pensar que nos movimentos de massa, abertos e sem controle, não existam provocadores infiltrados para pôr a perder com um único ato tudo o que milhares de outros construíram com toda uma vida de luta e de trabalho. O movimento popular não pode achar que o melhor caminho é o sem alternativa e retorno. Que a única solução para os conflitos é o confronto e que a melhor forma de chegar à democracia é cruzar na frente dos tanques. Que a melhor forma de fazer heróis é praticar o suicídio Não pode também achar que uma pessoa com razão tem o direito de fazer tudo que lhe der na cabeça e, depois cobrar solidariedade e apoio de todos os demais. Nem pode achar que o título de esquerda confere legitimidade a todas as propostas ou que todos os militantes do movimento popular acordam e dormem com a verdade debaixo do braço.

Estamos a seis meses da primeira eleição direta para presidente da República, depois de 30 anos de ditadura. Ninguém pode ignorar a importância deste momento. É preciso trabalhar com sabedoria e prudência nesses seis meses para ter condições de resolver as questões fundamentais da democratização do país. Não vale apostar no tudo ou nada justamente na véspera de um momento decisivo que alguns querem pôr a perder pelo caminho do desespero e da provocação. Não estou propondo a paralisia, mas sabedoria. Política não se faz com burrice. Não se faz com os pés, mas com a consciência. E, digo mais, creio que é fundamental articular uma estratégia para chegar às eleições de novembro capaz de hierarquizar e compatibilizar as prioridades políticas e as reivindicações econômicas dos movimentos sociais com as conjunturas instáveis e tensas que iremos viver até a posse do novo presidente.

Por outro lado, é fundamental entender que um médico, por exemplo, em tempo algum tem o direito de não atender a um doente, seja ele (o médico) de esquerda ou de direita, funcionário público ou empregado da Golden Cross. Que um trabalhador não pode atentar contra a segurança de seus companheiros e da coletividade e que ninguém, principalmente um operário, tem o direito de tomar uma decisão que afeta os interesses de muitos a partir de um ato solitário.

Precisamos enxergar que a alianças se constroem com base na ética política e um policial que confessa haver matado dezenas de pessoas não pertence à categoria dos companheiros. Que o servidor público, mesmo numa sociedade capitalista, não pode escapar à responsabilidade de sua função pública, seu compromisso ético com o bem-estar da população e, particularmente, de seus setores mais pobres, mesmo que os seus salários não sejam dignos e justos. Ninguém tem o direito de propor uma guerra de classes e sua forma de luta armada na atualidade brasileira sem assumir publicamente a responsabilidade por todos os mortos e torturados que virão em conseqüência dessa arrogante loucura. Ou os partidos políticos, o movimento popular e o sindical, em particular, repensam sua dimensão ética e política neste momento crucial da vida brasileira, ou serão cúmplices e co-responsáveis por todos os prejuízos sociais, morais e políticos que já estamos sofrendo – cuja responsabilidade maior recai sobre os setores dominantes de nossa sociedade e esse governo que não termina nunca.

É claro que o direito de greve deve ser assegurado, mas também é óbvio que o movimento operário, a CUT, os partidos políticos e o Congresso deveriam dizer à sociedade, antes de Saulo Ramos, como esse direito deve ser garantido e compatibilizado com os interesses maiores do conjunto da sociedade. Isso é assim no mundo inteiro. E deveriam também elaborar uma proposta de política salarial antes de Dorothéa e Mailson.

É claro que a política econômica do governo Sarney continua a se fazer à custa do arrocho salarial de uma massa já empobrecida, e a luta por melhores salários deve ser o pão-nosso-de-cada-dia, mas também é óbvio que essa luta não pode ser cega, burra, sem alternativas, sem saídas e principalmente sem visão do momento político em que ela se dá.

É claro que a dívida externa e a remessa de bilhões de dólares para pagamento de juros e amortizações constituem a causa principal de nossa crise nesse momento mas também é claro que somente um novo governo legítimo e comprometido com os interesses da sociedade brasileira será capaz de em 1990 abrir outro caminho e que, portanto, é fundamental garantir desde 1989 o que só ocorrerá no próximo ano. Enquanto isso, é fundamental não permitir que o setor público seja destruído, que as estatais estratégicas para o nosso desenvolvimento sejam sucatadas, mesmo que a maior parte desse custo tenha ainda que recair sobre o seu setor mais explorado e sacrificado – mas também o mais consciente, seus trabalhadores. Neste momento cabe exatamente às forças sociais mais comprometidas com a democracia assumirem o peso das tarefas de lutar por ela a todo custo.

Somos cidadãos de um único mundo e num único tempo e país. É fundamental apoiar tudo que nos leve a democracia e resistir por todos os meios a tudo o que nos impeça de chegar lá , pelo caminho da inteligência, do diálogo a da luta firme por construí-la com a participação ativa do conjunto da sociedade e formas mais consistentes e inovadoras de mobilização popular.

Levamos 25 anos esperando pelo momento de iniciar com o voto um novo período de nossa história. Não creio que mereçamos perdê-lo”

A Mesa submete ao Plenário Requerimento de autoria do Ver. Cyro Martini, solicitando a realização de uma Sessão Solene em homenagem à memória de Lado Menotti Sirângelo, no dia 15 de agosto do corrente ano, em razão de, entre outras funções públicas de extrema relevância, ter sido Vereador e Presidente desta Casa.

Em votação. Para encaminhar, está com a palavra o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, voto favorável por todos os méritos que tem a matéria. Mas ontem eu vi uma manifestação do Ver. Vicente Dutra, e me chamou a atenção, e eu gostaria de usar este projeto, digo, esta Proposição do Ver. Cyro Martini para que se possa pensar, refletir sobre o assunto.

A Casa hoje tem vinte e dois Vereadores. Vai ser aprovado o Requerimento por vinte e dois votos, só que no dia da Sessão Solene terá dois Vereadores.

Eu estou chamando a atenção da Casa, a Casa deverá aprovar a proposição do Ver. Cyro Martini, tem profundo mérito, é uma homenagem justa, só que hoje nós temos vinte e dois Vereadores, deveremos votar vinte e dois votos. Só que no dia da sessão solene terá vinte e dois Vereadores presentes.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, o Doutor Aldo Menotti Sirângelo, não só foi Delegado de Polícia, como Chefe de Polícia, também Vereador nesta Casa.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Eu estou apenas dizendo que é altamente procedente a homenagem.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa gostaria de lembrar os Vereadores que no período de encaminhamento não há apartes.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu acho que a partir de outras proposições, enquanto a Casa não resolve estes problemas de Sessões Solenes completamente vazias em relação à presença dos Vereadores, que se costure nos âmbitos das Bancadas, no consenso dos Vereadores, uma data em que os Vereadores realmente possam prestigiar esta solenidade e que as solenidades não contem com a presença apenas da sociedade, da comunidade, com a total ausência do Plenário. Nós votamos favorável. Tem mérito profundo a proposta de V. Exª. Só chamo a atenção que no dia dessa Sessão Solene não estejamos aqui um ou dois Vereadores a culminar, a realizar o evento que vinte e dois ou mais Vereadores aprovaram neste final de manhã. Votamos favoravelmente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Ainda, sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Omar Ferri, solicitando a realização de uma Comissão Especial destinada a ouvir os representantes das entidades de classe ligados à área do comércio, propiciando um amplo debate sobre a adoção do “sábado inglês” para o comércio de Porto Alegre.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Tem uma Comissão Especial que só não foi instalada porque o representante mais idoso da mesma, que é o Ver. Lauro Hagemann, se encontra doente. Mas quem tem a função de ouvir essas pessoas é exatamente esta Comissão Especial. Então, acredito que estamos invertendo a ordem dos trabalhos com relação ao Sábado Inglês.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Gostaria de saber se a Mesa considera que entre essas entidades ligadas ao comércio se inclui também o Sindicato dos Comerciários. Todos os comerciários. Sendo assim, voto a favor. Inclusive, Ver. Luiz Braz, esta Casa tinha uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Transporte e ouvimos o Prefeito, a pedido do Ver. Clóvis Brum. A similitude está aí e sou favorável total.

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Com a palavra, o Ver. Luiz Braz que encaminha pelo PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de forma alguma eu sou contrário a que esta Casa possa ouvir representantes dos comerciários, dos lojistas, dos consumidores, de todos os segmentos da sociedade, interessados neste Projeto chamado Sábado Inglês. Mas o que nós não podemos concordar é que se esvazie a Comissão Especial que tem por objetivo exatamente isso. Esta Comissão Especial, para a qual cada Bancada indicou um, dois ou três representantes, dependendo da proporcionalidade que tem com relação a este Plenário, ela deverá ser instalada e cumprir esta missão. Se for este Plenário responsável por ouvir todas estas entidades, esta Comissão Especial não tem por que ser instalada, não tem por que ela funcionar. Então, nós somos favoráveis a que haja uma agilização por parte da Diretoria Legislativa, que já deveria ter feito isso, para instalação dessa Comissão Especial, para que ela possa funcionar o mais rapidamente possível e ela possa encaminhar todos esses Requerimentos. Eu não sou contrário a que esses segmentos sejam ouvidos, até por toda a Casa. Mas eu sou contrário a que esses encaminhamentos não se dêem através da Comissão Especial que tem exatamente este objetivo. Esta Comissão Especial está atrasada, e está atrasada neste exato instante, porque o Vereador que deveria instalá-la, que é o Vereador do PCB, meu amigo Lauro Hagemann, se encontra adoentado e não pode vir a esta Casa. Então, já que o Lauro Hagemann, que é o mais idoso da Comissão, está adoentado, eu pediria que a Diretoria Legislativa indicasse o mais brevemente possível qual é o representante mais idoso na ausência do Ver. Lauro Hagemann para que a Comissão possa ser instalada e possa começar a ter funcionamento normal. Contra este Requerimento, para uma ouvida geral do Plenário, destas entidades, eu sou contrário, porque estaríamos esvaziando a Comissão Especial que tem por objetivo exatamente isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri, para encaminhar.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apenas para encaminhar no sentido favorável, eu acho que se a Casa ouvir as entidades interessadas, até pode ser dispensada esta Comissão Especial. Por que não? Parece-me que o objetivo fundamental de uma Administração Pública é acelerar os processos e os expedientes que aqui tramitam, e não vejo por que a ouvida destas entidades não supriria a formação de uma comissão especial. Tenho os ofícios, redigidos por sugestão da Presidência da Casa, ou do Gabinete da Presidência da Casa. Vou ler o nome das pessoas que serão convidadas a prestar informações e deporem a respeito deste Projeto de Lei que apresenta algumas dificuldades para todos nós, pois eu tenho dificuldades, até agora não me decidi. Serão convidados o Dr. Renato Seguézio, Diretor do Sindicato dos Lojistas em Porto Alegre, o Sr. Alexandre Languer, Diretor da Associação Comercial em Porto Alegre, o Sr. José Carlos Schultz, Presidente da Federação dos Comerciários, o Sr. Luiz Carlos Barbosa, Presidente do Sindicato Comerciário, o Sr. Alécio Ughini, Presidente do Clube dos Diretores Lojistas de Porto Alegre. Vou ler o ofício encaminhado pelo Presidente da Casa a essas personalidades: “Prezado Sr: Em razão do Projeto de Lei nº tal, e substitutivo que tramitam, nesta Casa, sobre o chamado “Sábado Inglês”, que regula o horário de abertura e fechamento do comércio em geral de Porto Alegre, estamos nos dirigindo a Vossa Senhoria para comunicar-lhe que esta Câmara Municipal aprovou, - se for aprovado hoje, evidentemente, se não o expediente não sairá, - Requerimento de autoria do Ver. Omar Ferri para a realização de uma Sessão Especial destinada a tratar do assunto. O referido evento, do qual participarão os Srs. Vereadores, terá por finalidade ouvir os representantes das entidades de classe ligados à área do comércio, propiciando um amplo debate entre os presentes. Desta feita, contamos com a participação de Vossa Senhoria, que ocorrerá - essa data também foi por designação da Presidência - no dia 22 de junho de 1989, às 16h30min, no Plenário do Palácio Aloísio Filho, etc, etc. Então, nesse sentido, pediria ao Plenário que aprovasse o meu pedido, nas condições em que ele foi proposto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDT, o Ver. Wilton Araújo.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, parece-me estar acontecendo neste Requerimento talvez uma desinformação do autor, embora a intenção seja boa, de trazer à discussão para Casa, de trazer todos os interessados que têm algo a ver com o Projeto de Lei; é orgânico, é regimental a criação da Comissão. Mas aí o Ver. Omar Ferri incorre em erro quando diz que poderia ser dispensada a formação da Comissão se a Casa ouvisse. Não, não pode ser dispensada porque é legal, é necessário que se faça quando o Projeto de Lei é um Projeto de Lei Complementar. Assim dispõe a nossa Lei Orgânica e por isso já foi criada, já foram designados os membros desta Comissão para estudarem e fazer este trabalho, o trabalho da discussão, o trabalho de trazer todas as pessoas interessadas aqui. E no seio desta Comissão para que depois esta Comissão faça o seu Parecer e traga ao Plenário.

Esta é a nossa Lei. Não se pode inverter os papéis, embora a iniciativa seja louvável e vai trazer à luz a discussão importante.

Veja, então, Ver. Omar Ferri, há legalmente a necessidade da formação da Comissão para se estudar o Projeto de Lei Complementar nº 1148/89. A Lei Complementar tem este rito e precisa ser seguido e acho que nada mais natural que a Casa que siga ou se transforme a Lei, possibilitando com isto fazermos outras discussões que não esta no seio da Comissão Especial. Por isto, então, o PDT encaminha contrariamente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, neste caso, então, eu retiro a minha proposição.

 

O SR. PRESIDENTE: Nobre Ver. Omar Ferri retira o seu Requerimento, e, retirando o Requerimento, pede, então, que a Comissão Especial ouça as pessoas e que se proponha o Requerimento como sugestão.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, realmente o Ver. Omar Ferri tem razão, ela está demorando muito a ser instalada. Eu peço que a Diretoria Legislativa ultime os preparativos para que esta Comissão possa começar a funcionar já.

 

O SR. PRESIDENTE: Evidentemente, não estando o Ver. Lauro Hagemann, o mais antigo dentre os restantes deverá instalar imediatamente a Comissão.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: O Ver. João Dib requer que seja ouvida a Comissão de Justiça e Redação com a finalidade de ser examinada a legalidade dos reajustes das tarifas de água e esgoto praticados pelo Executivo.

 

O SR. PRESIDENTE: Esse é o Requerimento do Ver. João Dib, solicitando a audiência da Comissão de Justiça. Deferido, será encaminhado de pleno à Comissão de Justiça.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: O Ver. José Alvarenga requer Moção de Repúdio à ação do Presidente da Argentina, Raul Alfosín, pela declaração de Estado de Sítio naquele País.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de saber a situação do Ver. José Alvarenga nesse momento. Ele está em Licença?

 

O SR. PRESIDENTE: Está em Licença.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu gostaria de saber, Sr. Presidente, se o Vereador em licença pode apresentar ou não Requerimentos? Explico por quê. Quando eu estava em licença tentei apresentar um Voto de Congratulações.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu já esclareço a V. Exª que o Requerimento data de 06 de junho.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Eu não quero saber a data do Requerimento, eu quero saber se pode.

 

O SR. PRESIDENTE: Pode, está protocolado, já está em votação.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: E quando o Vereador no dia estiver de Licença, eu gostaria de saber, em Questão de Ordem, que parte do Regimento que impede a apresentação no Protocolo de Requerimentos ou qualquer coisa do Vereador em Licença para Tratamento de Saúde.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece que o Ver. Artur Zanella encontrava-se licenciado e o Plenário votou mais de 5 ou 6 proposições, Votos de Pesar e Requerimentos de sua autoria.

 

O SR. SECRETÁRIO: Esclarece mais ainda, que no caso específico que o Vereador está questionando, o Vereador estava em licença e apresentou no dia em que estava em Licença. Por isso, neste caso não. O Ver. José Alvarenga apresentou no dia 6, quando estava no exercício, diferente de quando V. Exª apresentou e que estava em Licença.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu não estou impugnando nada. Só perguntei se o Vereador estava em licença ou não. A segunda questão, Sr. Presidente, não estou questionando a apresentação ou não de Requerimento, eis que o dia que apresentei o tal Requerimento, a Licença para Tratamento de Saúde estava bem clara que era a partir das 14h, e o Requerimento foi apresentado de manhã, foi aceito, foi votado sem problema nenhum. A Questão de Ordem é outra: gostaria de saber, em tese, se o Regimento impede que um Vereador que esteja em licença para tratamento de saúde, se o Regimento proíbe para mandar e encaminhar um Requerimento? Não quero resposta agora; só quero colocar porque estou pedindo para a Mesa nos dar esta informação. Não estou questionando nada e vou votar a favor do Requerimento do Ver. José Alvarenga.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informará a V. Exª na devida oportunidade.

 

O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Encaminho esta Questão de Ordem no sentido de encaminharmos imediatamente o mérito da questão.

 

O SR. PRESIDENTE: Está bem, Vereador. Em votação o Requerimento do Ver. José Alvarenga. Para encaminhar, com a palavra, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu vou encaminhar contrariamente à Moção do Ver. José Alvarenga. Ocorre que esta Casa deve ter imensas dificuldades em julgar a crise que vive o povo argentino neste momento, e é tão sério o problema que o Presidente Raul Alfosín está dando um exemplo que eu sei que todos nós gostaríamos de ver seguido pelo Presidente Sarney. Ele está antecipando a sua saída do Governo Argentino para que o Presidente eleito assuma não em 10 de dezembro, mas, sim, agora, em 8 de julho. Então, nós não temos condições de fazer justiça numa proposição extremamente séria e acho que esta Casa se desgasta muitas vezes se posicionando em temas que não lhe dizem respeito, que o próprio Itamaraty não se manifestou. Então, por mais que eu tente entender a posição do Ver. Alvarenga, não vejo condições de esta Casa se manifestar contrariamente à decisão do Presidente da República Argentina, onde o povo, nas filas, vê deteriorar-se a sua moeda e chora, porque quando entra para trocar os seus austrais por dólares, enquanto esperava na fila alteram-se. Há poucos dias se trocava um dólar por menos de 100 austrais, agora se troca por mais de 400. Então, não temos condições, não somos especialistas em política internacional para se fazer uma Moção de Repúdio ao Presidente de um País amigo do Brasil e que não tem uma análise criteriosa, bem pesada, de cada um de nós Vereadores. Eu acho que a proposição do Ver. Alvarenga deve ser rejeitada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, a palavra com o Ver. Adroaldo Corrêa, do PT.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, para ser breve, quero dizer que a Moção de Repúdio não põe em cheque a situação atual da sociedade argentina e, sim, o ato do governo que, ao decretar o Estado de Sítio, decretou a ilegalidade dos partidos políticos. Com isso, esta Casa tem a ver, haja vista que esta é uma Casa de partidos políticos e a Moção é contra, objetivamente, a isso que busca encontrar nos partidos políticos o bode expiatório de uma crise. Contra isso podemo-nos expressar porque já fomos bodes expiatórios de crises, já tivemos esse estigma em cima da ação militante de partidos ou de correntes organizadas no movimento social brasileiro. Devemos, em solidariedade ao povo argentino, não em relação ao exame da crise, mas em relação ao ato de governo, apresentar, enquanto uma Casa de Partidos Políticos, uma Moção de Repúdio contra a política de bodes expiatórios que se dá em cima da organização partidária, na Argentina, que busca na esquerda, e não na direita, a responsabilidade pelo movimento social que vai ao supermercado buscar o que lhe falta. Não estamos examinando a crise argentina, mas a falta de critério do governo em, baixando o Estado de Sítio, localizar apenas em um lado da sociedade, apenas nos representantes de uma classe da sociedade, a perspectiva da responsabilidade pelos saques ou, eventualmente, por outras ações políticas. A Moção é endereçada a esse capítulo e não ao exame da crise argentina, no global, que, sim, temos um pouco de distanciamento, embora próximos geograficamente. Era esse e, a favor da Moção, o encaminhamento. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Questões de Ordem com o Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de saber se o Processo nº 0327/89, Projeto de Lei do Legislativo nº 003/89, já está em condições de ser votado por esta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Tão logo se vote este Requerimento e, de posse do Parecer que acaba de chegar na Mesa, vamos votá-lo.

Em votação o Requerimento do Ver. José Alvarenga. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO. Abstiveram-se os Vereadores Clóvis Brum, Wilton Araújo, Vieira da Cunha, Cyro Martini e Artur Zanella.

Voltamos ao PLL nº 003/89. Suspendemos a Sessão neste momento para reunião conjunta das Comissões e votação do Parecer do Ver. Airto Ferronato, Relator-Geral.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 13h05min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 13h26min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à leitura do Parecer Conjunto das Comissões de Justiça e Redação, Finanças e Orçamento e de Saúde e Meio Ambiente, de nº 019/89.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê o Parecer, o qual já foi publicado nesta Sessão.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está encerrada a discussão do PLL nº 003/89. Em votação. Com a palavra, o Ver. Luiz Braz para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. Cyro Martini, até porque eu me manifestei desde o início favorável ao Projeto de Lei de V. Exª, até porque eu votei contrário ao Parecer do Ver. Gert Schinke, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente aqui da Casa, quando o Parecer do Vereador era contrário ao Projeto de V. Exª, eu tenho que votar contrário às Emendas que foram propostas: a primeira por V. Exª, que liquida com esse Projeto, a segunda pelo Ver. João Dib que tem exatamente essa intenção de liquidar com o Projeto.

Então, eu não sei quem sugeriu a V. Exª, ou com quem V. Exª estudou a Emenda que V. Exª propôs, a Emenda nº 1. Mas a Emenda que V. Exª propôs ao Projeto de Lei, um Projeto que eu gosto, acho bom e vou votar favorável. Mas a Emenda nº 1, quem sugeriu a V. Exª é inimigo seu, ou então estava muito mal-avisado, porque ela diz o seguinte: “O Executivo Municipal deverá regulamentar a presente Lei”, mas como não coloca prazo para regulamentar a presente Lei, se regulamentar no ano 3000 está cumprindo a Lei, se regulamentar no ano 2000 está cumprindo a Lei. Quer dizer, se não quiser regulamentar não vai regulamentar nunca.

Ou seja, o Ver. Cyro Martini está liquidando o Projeto de Lei, ao apresentar essa Emenda nº 1. E eu gosto do Projeto de Lei de V. Exª, tanto é que votarei favorável, agora, eu tenho que votar contra a emenda sugerida por V. Exª, porque essa emenda liquida com o Projeto. Como eu vou votar contrário à Emenda do Ver. João Dib, porque ao suprimir o artigo 5º ele também tem essa intenção de liquidar com o Projeto, porque ele já se manifestou contrário ao projeto autorizativo que V. Exª apresentou, então, acredito que quando o Ver. Airto Ferronato estava apresentando o seu parecer com relação às emendas apresentadas, o Ver. Airto Ferronato até, talvez, por desconhecer determinados trâmites no setor do Executivo, com referência às regulamentações de projetos. E um projeto regulamentado não pode ser implementado, até talvez por causa disso o parecer de V. Exª tenha pecado, e por isso me abstive de votar o parecer, não votei contrário, porque tenho a certeza absoluta que V. Exª, ao fazer o parecer desconhecia o valor que tem a regulamentação no Projeto, para sua implementação. Tenho certeza de que V. Exª desconhecia isso, e por isto me abstive de votar.

Agora, peço ao Ver. Cyro Martini que retire a sua Emenda nº 1, porque ela está sacrificando o seu Projeto, e o senhor não pode matar a sua própria criação. Quanto ao Projeto, vou votar favorável, porque é um projeto muito bom. Mas, as emendas, com referência ao art. nº 5, estão pecando. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PMDB, com a palavra o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu nobre Ver. Luiz Braz, ocorre que nós temos hoje, isto ninguém falou, o art. 165 da Constituição Federal, que diz: O Poder Executivo, inicia leis do Plano Plurianual, que é aquele plano das despesas de capital que V. Exª sabe, do Orçamento anual, que V. Exª também sabe. E temos, hoje uma figura que peço que prestem atenção sobre ela: diretrizes orçamentárias, que equivocadamente o Ver. Omar Ferri defendeu para dizer que estava preocupado com o Projeto. As diretrizes orçamentárias vão ser aquele instrumento do Poder Executivo que vai dizer o quer ele pretende implementar no ano seguinte. Então, uma vez aprovado o projeto do nobre Vereador Cyro Martini, o Prefeito Municipal poderá encaminhar amanhã, se quiser, e se tiver intenção de implementar o Projeto, ele encaminhará, amanhã ou depois, numa Lei de Diretrizes Orçamentárias, e tenho consciência de que estou certo, ele vai dar as metas do que pretende fazer, e dentre essas metas apresentará nesta proposta de lei que implementará o Projeto do Ver. Cyro Martini. Um outro detalhe: dizer que se voto “sim” a Emenda nº 01, não pode ser votada a Emenda nº 02, data venia, entendo que pode, porque é impossível eu votar “sim” à Emenda nº 01 e depois votar “sim” também a Emenda nº 02. Então, o Vereador que votar “sim” numa, ele votará “não” na outra. Que se votem as duas se for necessário. Eu entendo isso. Se tenho consciência de que a Emenda nº 01 é a correta, devo votar contrário à Emenda nº 02. Se eu votar contrário à nº 01, eu voto com o Parecer, o Projeto em 90 dias, ou eu voto favorável à Emenda nº 2. Então, logicamente se retira da votação, porque se entende que ela está prejudicada por ser rejeitada na presunção. É o meu entendimento sobre essas Emendas. O Ver. Omar Ferri, em determinado momento diz não, porque na verdade devemos votar em sugestão. Chega de sugestão. Temos que usar os poderes que a Constituição nos deu. Sem essas sugestões, com um Projeto de Lei, autorizando o Executivo, com o instrumento da diretriz orçamentária, o Poder Executivo, se quiser implementa. O Executivo é que fará ou não. A minha posição é de que nós do Legislativo atualmente temos poderes para iniciar projetos de gestão pública. Agora, haveremos de ter poderes, responsabilidade e seriedade para verificar se estamos corretos votando “sim” ou “não”. É a minha colocação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nobre Ver. Cyro Martini, V. Exª está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a mim, evidentemente muito me apraz ter trazido a esta Casa um problema deveras importante para a nossa comunidade especialmente para as camadas menos afortunadas, eis porque se delongaram os debates a respeito da matéria. Porque há dentre nós Vereadores que sabe, devem votar favoravelmente ao Projeto, entretanto estão atrelados a razões relativamente as quais eu não consigo entender.

Porque se eu conheço o Prefeito de Porto Alegre nas vezes em que tive oportunidade de manter contato com ele, sei que ele concorda com o meu Projeto, talvez não possa implementá-lo de plano, porque não dispõe de recursos no momento.

Vejam que o sistema que nós criaríamos através do Projeto, ele se encaixa também dentro de todo o complexo hospitalar assistencial proporcionado pela Secretaria específica, pelo Hospital Pronto Socorro. Eu até nem sou original em fazer a colocação, se os nobres pares perceberem, não há originalidade no Projeto. É uma aspiração legítima das vilas populares. E nós devemos ler com atenção o Projeto. Eu não digo que cada vila deva ser atendida, e eu não estou inovando também sobre o ponto de vista da Administração Municipal, porque há por exemplo no Partenon, uma ambulância já há algum tempo a disposição de todas aquelas vilas. Ela está colocada em ponto estratégico, onde ela se encontra ela se desloca rapidamente, quer para o Morro da Cruz, quer para a Lomba do Pinheiro, quer para a Vila Bom Jesus. Então, eu não estou sequer trazendo uma novidade para a Administração Municipal. Agora, deve ser um Projeto de Lei, porque o povo humilde merece que a sua aspiração seja uma Lei. Aqueles Vereadores que não concordam com a aspiração do povo, especialmente humilde, que votem contra. O que é que eu vou fazer? Não posso fazer nada. Há muitas vilas. A Vila São Francisco, por exemplo, é uma vila que tem até sítios, não é a mesma coisa que a Vila da Tamanca. De sorte que nós não nos confundamos, senão eu vou apelar para os provérbios do meu amigo alemãozinho, lá da Teixeira de Freitas, e não vai ficar nada agradável para nós, porque ele sempre tinha colocações oportunas em termos de povo, de gente humilde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. WILSON SANTOS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para a validade da nossa Sessão Legislativa, eu consulto se não há necessidade da prorrogação da Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Quando chegar às 14h18min, haverá prorrogação.

Com a palavra, o Ver. João Dib, Líder do PDS, para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, alguns Vereadores são extremamente atilados, o nobre Ver. Luiz Braz é um deles. E o nobre Ver. Luiz Braz me deu, sem dúvida nenhuma, uma argumentação necessária para que se encaminhe, com muito mais força, a rejeição ao Projeto. É que o Vereador levantou um problema, fazendo solicitação ao eminente edil Cyro Martini, para que retirasse a sua Emenda, a de número 01, é que edil, o Vereador Cyro Martini, com a sua inteligência, com a sua brilhante assessoria, conclui que o Projeto não tem validade, que o Projeto é inconstitucional, que o Projeto contraria a Lei Orgânica, e por concluir a contrariedade à Lei Orgânica, ela apresenta uma Emenda defendendo a idéia que nenhum dos Vereadores é contrário a ela, mas mostrando a fraqueza que contém o Projeto, ele não pode ser aprovado conscientemente por quem jurou respeitar a Lei Orgânica. Então, pela sua inteligência o nobre edil faz uma Emenda diminuindo o alcance do Projeto, fazendo com que, talvez, a Emenda seja aprovada. Então apelo à consciência de cada um dos Vereadores que votou, e que jurou respeitar a Lei Orgânica, que vote contrariamente ao Projeto. Não porque a idéia não seja boa, é porque a forma de fazer não nos serve, pois temos que preservar a respeitabilidade desta Casa, não fazendo projetos que contrariem frontalmente a Lei Orgânica, não podemos fazer isso. E o Ver. Luiz Braz, quando levantou o problema, fazendo a sua solicitação para que o eminente Vereador retirasse a sua emenda, mostrou claramente o porquê: é que a Emenda significava que o autor do Projeto sabe que ele é inorgânico, contrário à Lei Orgânica. Então, apelo a cada um dos Vereadores para que rejeitem o Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srª Vereadora. Queríamos localizar o debate no seguinte aspecto: há um programa de saúde sendo desenvolvido, há uma necessidade de instrumentos e equipamentos para a saúde, e basicamente este projeto se localiza na questão do equipamento. A comunidade está desenvolvendo este debate; a Câmara talvez não esteja acompanhando, ou ainda não se agregou definitivamente a este debate como um conjunto, já que a Comissão de Saúde tem comparecido à Comissão Interinstitucional Municipal de Saúde, a CIMS, que cria na sua base as comissões locais interinstitucionais de saúde, as CLIS, este debate dá prioridade de equipamentos, dá prioridade de serviços, dá prioridade de atenção à saúde no Município, está sendo feito na comunidade organizadamente, quinzenalmente, há dois anos. Foi este debate que expressou a vontade, por exemplo, da Grande Cruzeiro para levar para lá o Pronto Socorro, no PAM 2. Isso foi o que o Ver. Heriberto Back quis salientar aqui, o PAM da Cruzeiro. A Comunidade organizada vai levar o serviço e vai fazer o debate de Saúde e vai receber a cobertura jornalística que for necessária. A comunidade tem feito isso, e várias vezes. Eu, enquanto jornalista, antes de assumir o meu mandato cobri o debate que se fazia na comunidade da Vila Cruzeiro dentro da Comissão Interinstitucional Municipal de Saúde, fazendo referência aos lutadores pela saúde daquela região e aos Administradores da época, o Prefeito Alceu Collares e o Secretário Municipal de Saúde – e eventualmente a comunidade organizada e seus representantes políticos que ali se fizessem apresentar. Raramente vi algum parlamentar naquela Comissão. Acho que se deve votar contra este Projeto, não pelo mérito. O mérito está sendo discutido pelo povo. O povo quer sim serviços e equipamentos, quer sim atenção à saúde, mas ele está decidindo onde localizar e que tipo de equipamento. Nós sabemos disso, o Ver. Cyro Martini esteve comigo, nós já estivemos juntos no debate na comunidade. Não é apenas determinado Parlamentar que sabe que a população precisa, a população também sabe que precisa, está reivindicando e também quer, mas não criar assim desta forma sem o recurso apontado. Nós sabemos a escassez de recursos que vivemos e não podemos também aprovar uma Lei para apenas procrastinar no tempo. Isso aí sim concordo com o Ver. João Dib, neste aspecto especificamente, isto é, fazer uma coisa que não se deve, votar uma lei que impõe que se deva localizar os recursos quando se tem os recursos estabelecidos.

Era este o encaminhamento, contrário então ao Projeto, às Emendas, se o Projeto passar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 003/89, com ressalva das emendas. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente. (Assentimento da Presidência.) Requeiro que a Emenda nº 01 seja votada nominalmente.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que  aprovam o Requerimento permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação a Emenda nº 1. Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação,

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada dos Srs. Vereadores e colhe os votos.) 14 votos sim e 13 votos não.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda nº 01 aposta do PLL nº 003/89 por 14 votos SIM e 13 votos NÃO. Fica, portanto, prejudicada a Emenda nº 02.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Jaques Machado, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Votaram NÃO os Vereadores Décio Schauren, Edi Morelli, Giovani Gregol, João Dib, João Motta, José Valdir, Luiz Braz, Luiz Machado, Omar Ferri, Adroaldo Corrêa, Heriberto Back, Antonio Losada e Paulo Cruz.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Cyro Martini, solicitando seja o PLL nº 003/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

 

 

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos desta Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 13h57min.)

 

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